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Benediction – “Ravage Of Empires” (2025)

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Dessa vez não vou me estender com introduções elaboradas ou conceitos para criar uma narrativa visual e embasar o que o que iremos ouvir neste disco. Sem enrolações e sem apresentações, vamos ao novo álbum do Benediction (para os mais íntimos, Benedito). Banda inglesa, aliás, uma das mais influentes dentro do Death Metal britânico, o grupo lançou o segundo disco após anos de hiato.



“Scriptures” (2020) foi o recomeço avassalador e trouxe nada menos que a dupla original de guitarristas, Petter e Darren, além de Dave Ingram nos vocais. Para dar sequência, o grupo lançou no último dia 4 de abril, “Ravage Of Empires”, um disco envolto em atmosfera de ódio e destruição, como deve ser.

Photo: Karen Rew

O hiato

Com este novo material, o quinteto mostrou que mesmo após o hiato criativo que durou 12 anos (2008-2020) ainda sabem criar aquele Metal da Morte que tanto amamos. Mas sobre o tempo em que ficaram parados, pode concluir que apesar de “Killing Music” (2008), com Dave Hunt (Anaal Nathrakh) nos vocais, ser um disco bem aceito pela comunidade, ele está longe de ter a mesma força de um “The Great Leveller” (1991).

Acredito que o tempo de hiato criativo foi necessário para que os músicos colocassem em dia as diretrizes da banda e chegassem a um consenso sobre o que pretendiam fazer para o futuro. Em 2020, a resposta veio com um disco que serviu como “revival” da fase de ouro. “Scriptures” marcou a volta de Ingram ao Benediction, mas também trouxe riffs inspiradíssimos e vocais extremamente característicos. Foi o lançamento que nos encheu de orgulho, sem Death plastificado e apenas brutalidade ancestral.



Os 12 anos de espera foram recompensados com um verdadeiro ode ao estilo e, com isso, ficamos na expectativa daquele que seria o próximo lançamento do grupo. A resposta veio 5 anos mais tarde. Mantendo a mesma formação e as mesmas ideias, esse é aquela continuação direta que todos queríamos. Sem invenções e sem firulas, o que poderia dar errado em “Ravage Of Empires”? Se você respondeu “nada”, está quase certo.

Reprodução/Divulgação

O novo ato do Benediction

Já vou adiantando a você, foram 5 anos de espera, mas não pense que o grupo se aventurou fora do tradicional, aqui temos aquilo que os fãs esperam, mas com pequenas reformulações. Começando com a arte da capa criada por Wolven Claws que remete ao excelente “Transcend The Rubicon” (1993) e, claro, a “Scriptures”. Antes de ouvir o álbum já é percebido que visualmente a intenção do trabalho é manter a proposta da banda. Ao ouvir, temos a constatação que trata-se de um belo Death anos 90 sendo trazido a 2025.

O disco já nos surpreende com a introdução “A Carrion Harvest”, com riffs rápidos e linhas com guitarras fraseadas acompanhadas pelo “tupa-tupa” incansável da bateria, que apesar de extremamente simples, preenche o ambiente sonoro todo. Repleto de viradas virtuosas nas pontes, a cozinha comandada por Giovanni Durst nesta música é um prato cheio para os amantes do estilo.

Os “novos” velhos conhecidos

Apesar de já ser o segundo registro com esses caras, é bom reintegra-los aos fãs e apresentar a única novidade. Giovanni Durst é o nome por trás das baquetas do tanque de guerra britânico. O músico tem uma carreira bem comprida, assinando lançamentos em bandas de vários estilos, incluindo as excelentes representantes da NWOTHM, Monument e White Wizzard. Já o novo baixista Nik Sampson, assina trabalhos do Omicida (da qual é membro ao lado de Giovanni) e Prolapse A.D..



Giovanni já se mostrou um excelente músico durante sua carreira e está completando mais um lançamento ao lado do Benediction. Já o novato Nik é responsável por um dos pontos mais baixos neste disco, talvez pelas linhas apresentadas por Sampson. Não me levem a mal, mas como baixista, sou muito ligado aos graves e ao peso da composição. E aqui, isso fica um pouco de lado. Por mais que sejam composições que realmente fazem sentido, elas deixam a desejar no quesito graves e presença de baixo. Me aparenta que o foco do disco foi harmonizar tudo, nao dar aquele peso necessário e um destaque realmente interessante a este instrumento em específico. E isso não é um grave problema, apenas algo que você sente falta.

Por mais que esse ponto tenha deixado a desejar, ainda sim temos dois músicos excelentes que combinaram muito bem ao DNA do nosso querido Benedito. Provavelmente este pequeno vacilo será corrigido em trabalhos futuros.

Reprodução/Youtube

Um ode aos anos 80 e 90

Ingram é um dos vocalistas mais absurdos do estilo e ouvi-lo mais de 30 anos após os anos de ouro da banda é como uma injeção de ânimo. Sua voz, seu timbre e suas características continuam praticamente intactas. Por isso digo que “Scriptures” e “Ravage Of Empires” continuam sendo discos assustadoramente icônicos para os tempos atuais. “Beyond The Veil (Of The Grey Mare)” relembra o jeito como era feito Death Metal pelos ingleses nos tempos áureos. Com bases rápidas, bateria simples, mas sincopada, e uma construção focada na explosão instrumental, temos um trabalho impecável dos nossos disseminadores do ódio.

Conversando com um amigo, chegamos a seguinte conclusão: comprar/ouvir um disco do Benediction é como comprar um carro japonês, você já sabe o que terá em mãos, mas não significa que isso seja ruim. Entregrando aquilo que esperamos, “Genesis Chamber” remete muito ao clássico “Transcend The Rubicon”, com aquela pegada mais terror, com bases pesadas e totalmente fraseadas. O refrão mais cadenciado é acompanhado de um vocal que ecoa por todos os cantos, apesar do baixo ser quase imperceptível, conseguimos ouvi-lo aqui e ter uma noção de como o trabalho foi bem feito.



Photo: Karen Rew

Caos organizado

“Deviant Spine” é a composição mais cadenciada, com pedais contínuos e um construção sadia. Chamo de “o clássico que jamais deixará de ser clássico”. Todas as bandas de Death Metal que se prezam tem algo parecido, e sempre é de qualidade. Cantem comigo: “Rise The Deviant Spine!”. Essa faixa relembrou os bons e velhos tempos de “The IVth Chapter” do Bolt Thrower. Na sequência “Engines Of War” apresenta a mesma construção, mas um pouco mais bruta e mais rápida. A bateria tem mais peso e aqui é possível ouvir bem a continuidade do baixo de Nik. Combinado aos duetos de guitarras de Petter e Darren, a faixa tem aquela identidade que buscamos. Com uma temática obscura e pesada, a letra aqui representa bem o que estamos passando em nossos dias:

“Campo de batalha, um deserto
Os destroços agora se desenrolam
Sem remorso, sem perdão
Sem trégua neste submundo
Escuridão carregada por séculos
Derramamento de sangue para sempre
Regredindo eternamente… Jamais
Máquinas de Guerra”

Por fim, abrindo a sexta posição no tracklist, “The Finality Of Perpetuation” é o equilíbrio entre o passado do grupo e o presente. Se tivéssemos que eleger uma faixa para combinar tudo que o Benediction já fez, esta seria o meio termo. Unindo aquele peso Old School com as variações dos últimos lançamentos, a faixa tem uma posição acertada no meio da audição, pois não cansa e sim revitaliza o que temos pela frente.



Tormento musical

Em “Crawling Over Corpses” novamente revivemos o riffs sincopados, com uma atmosfera mais densa e contagiante. Esta faixa facilmente fará você bangear. As pontes são simples e conectam bem as partes mais diferentes. Um ponto extremamente positivo é a condução final no disco, utilizando os chimbaus para dar mais peso ainda ao som apresentado, lembrando muito algo que o Bolt Thrower ou Asphix certamente fariam. Em sequencia, ouvimos a matadora e direta, “In The Dread Of The Night”. Seguindo de perto os ideais já apresentados, porém, muito mais rápida, temos uma composição calcada na raiz mais obscura do Metal da Morte. Essa é daquelas faixas que conseguem soar atmosfericamente obscuras sem necessitar de cadencia, um verdadeiro deleite para os fãs de música rápida.

Em contrapartida “Drought Of Mercy” vem mais lenta em comparação a sua sucessora e apresenta passagens mais densas. Através dos riffs fraseados e cheios de power chords, você consegue ouvir bem algo que lembra o Death Metal ao estilo americano, como o Master faria, porém, unido as características do Benediction. Na reta final temos “Psychosister” nos agraciando pela sua simplicidade e continuidade sonora. Não é uma composição que desabone nem atrapalhe o andamento da audição, porém é bem mais fraca que as outras.

Finalmente, chegamos naquela que carrega o nome do disco. “Ravage Of Empires” é genuinamente aquilo que esperamos e estamos ansiosos para ouvir do famigerado senhor Benedito. Não espere uma reescrição de uma “Violation Domain”, “Wrong Side of the Grave”, “Graveworm” ou “Senile Dementia”, mas espere uma composição inspiradíssima e digna de fechamento de disco. Assim como começou, inspirado e apresentando uma ideia de construção um pouco menos visceral, assim se encerra. A canção possui, definitivamente, uma identidade única, e fecha coesamente o álbum.

CréditoKick Verhaegen/SIDEKICK PHOTO

Um novo Benediction?

É fato que se você, assim como eu, é um fã de carteirinha do bom e velho Death Metal, daquele mais brutal e insano, “Scriptures” (2020) fará muito mais seu estilo. Porém, o conjunto apresentado em “Ravage Of Empires” é essencialmente aquilo que não vai nos decepcionar. Uma verdadeira aula de como se manter relevante em meio a tantas reviravoltas do mundo musical. Talvez o próximo disco seja um pouco mais inspirado, talvez seja mais brutal, ou quem sabe um pouco mais experimental? Não sabemos, mas temos certeza que será algo com o selo de qualidade irrefutável do Benediction.



Nota: 8,9

Integrantes:

  • Peter Rew (guitarras)
  • Darren Brookes (guitarras)
  • Dave Ingram (vocais)
  • Giovanni Durst (bateria)
  • Nik Sampson (baixo)

Faixas:

  1. A Carrion Harvest
  2. Beyond the Veil (of the Grey Mare)
  3. Genesis Chamber
  4. Deviant Spine
  5. Engines of War
  6. The Finality of Perpetuation
  7. Crawling over Corpses
  8. In the Dread of the Night
  9. Drought of Mercy
  10. Psychosister
  11. Ravage of Empires
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