Quando vemos o vocalista Michael Kiske fazendo turnês e gravando álbuns com o Helloween hoje em dia, pode parecer algo bastante normal e corriqueiro. Principalmente para fãs mais novos que não vivenciaram o início conturbado dos anos 90 e os acontecimentos que quase acabaram com a banda.
A saída de Kiske depois de “Chamaleon” foi traumática e, sendo assim, ele chegou a afirmar que jamais se envolveria com o Heavy Metal novamente. Durante um bom tempo os fãs realmente acreditaram nisso, já que o cantor se dedicou a uma carreira solo com discos absolutamente fora do Metal.
Esse período de afastamento do cantor durou quase dez anos. De 1993 – ano da sua demissão do Helloween – até 2001, quando fez sua primeira aparição no disco de estreia do Avantasia, o clássico “The Metal Opera Part 1”.
Em uma nova entrevista ao The Metal Voice do Canadá, o vocalista, líder e compositor, Tobias Sammet, contou como teve a ideia de chamar Michael Kiske para participar do debut do Avantasia e como foi chegar até o cantor naquele momento de afastamento do Metal. Sammet disse:
“Eu queria trabalhar com outras pessoas. Não que eu não gostasse de trabalhar com meus companheiros de banda, mas eu queria olhar para fora da caixa e ver o que mais eu poderia experimentar e aprender. Eu queria trabalhar com Michael Kiske (Helloween) porque ele tinha virado as costas para o Heavy Metal e aparentemente ele não queria se reunir com o Helloween (risos). Eles não queriam fazer uma reunião, então eu disse, ‘ok, alguém tem que fazer isso, então deixe-me fazer’. Eu era um grande fã de Michael Kiske. Eu ainda sou até hoje e essa foi uma das razões pelas quais eu fiz isso, porque eu queria que Michael Kiske cantasse minhas músicas.
Canções clássicas de Power Metal com bumbos duplos. Eu também queria trabalhar com Bob Catley e David DeFeis e, sim, apenas fazer um álbum e olhar fora da caixa. Eu conhecia o presidente do fã-clube dele (Michael Kiske) e eu disse, tipo, ‘se você pudesse passar a mensagem de que eu tenho algumas músicas, eu sou um cara muito legal, eu não sou um satanista e também tenho um pequeno orçamento, então se ele estiver interessado, aqui está meu número’. E ele me ligou, nós apenas conversamos e nós gostamos um do outro. Ele é uma pessoa muito adorável e ele é um grande amigo agora. Nós nos demos muito bem e esse foi o ponto de partida. Essa foi uma coisa muito importante sobre o primeiro álbum do Avantasia. Michael Kiske é o único que esteve em todos os discos do Avantasia até agora, exceto eu. E Bob Catley, que estava em todos desde o segundo, mas o segundo foi gravado ao mesmo tempo que o primeiro, então tecnicamente Bob Catley está lá desde o começo também.”
No primeiro disco do Avantasia, Kiske foi creditado com o pseudônimo Ernie. E Sammet contou os bastidores desta história. Ele revelou o seguinte:
“Isso foi ideia dele naquela época. Eu queria ter Michael Kiske e eu disse, ‘queria que você estivesse no disco porque você significa muito para mim’, e eu cometi o grande erro dizendo a ele que, ‘mesmo se seu nome não estivesse lá, não é por causa do seu nome, você poderia ser chamado de qualquer coisa. Eu só quero você e sua voz’. E ele disse, ‘ok, então vamos me chamar de Ernie no disco’. E ele colocou isso no contrato. Eu disse, ‘você está falando sério? Ernie? Quero dizer, por que não te chamamos de Vocal Joe ou algo assim?’, mas ele disse, ‘não, não, vamos fazer isso, será Ernie’, esse é o senso de humor dele.
Eu disse, ‘ok Ernie e Bert, ótimo, vamos fazer isso’. Ele (Michael Kiske) estava hesitante, eu acredito, naquela época. Porque ele tinha anunciado anteriormente que nunca mais voltaria ao Metal e disse que o Metal era música do diabo e, você sabe, tudo foi dito e feito nos anos 80. As pessoas pensavam, ‘ele nunca mais vai voltar, seu coração está em outro lugar’, e aí de repente ele retorna à cena do Metal aparecendo em uma Metal Opera com Kai Hansen no disco, Markus Grosskopf aparecendo em nove músicas e ele está cantando músicas de Speed Metal. Ele provavelmente pensou que as pessoas achariam isso estranho com tudo o que ele disse anteriormente, então ele disse ‘vamos me chamar de Ernie’. Então nós fizemos isso e todo mundo sabia que era Michael Kiske (no disco). Então no segundo disco eu perguntei a ele tipo ‘quero dizer, ainda está no contrato, mas você quer mesmo ser chamado de Ernie de novo, todo mundo sabe que é você’. E ele disse ‘por que não escolhemos Michael Kiske? (risos).”