Muitas bandas, incluindo o Armored Saint, acabam por lançar ótimos discos e trabalhos que ficam marcados para a história. Entretanto, não é apenas a banda que faz tudo funcionar. Afinal, existe a ala da engenharia e da produção, mais especificamente da produção nesse aspecto.
O produtor da vez ao nos deixar neste plano a qual estamos é o Dave Jerden. Dave trabalhou com o Armored Saint no álbum “Symbol of Salvation” (1991). Contudo, o produtor é mais conhecido por seu trabalho com Jane’s Addiction e Alice in Chains.
O baixista do Armored Saint, Joey Vera, prestou homenagem ao lendário engenheiro/produtor. Jerden morreu pacificamente durante o sono em 5 de fevereiro em sua cidade natal, Los Angeles. Ele tinha 75 anos. Nenhuma causa de morte foi informada. Além disso, o filho de Jerden, Bryan David Jerden, compartilhou a notícia em uma publicação no Facebook.
Joey Vera compartilhou o seguinte via Facebook:
“Acabei de ouvir a triste notícia do falecimento do produtor/engenheiro Dave Jerdan.
Tive o prazer de trabalhar com Dave no ‘Symbol of Salvation’ (1991), do Armored Saint.
Quando nos demitimos da Metal Blade Records em 1990, Brian Slagel sugeriu que nos encontrássemos com Dave como um potencial produtor para nosso novo álbum. Nessa época, eu já era fã do trabalho dele (Jane’s Addiction ‘Nothing’s Shocking’ e ‘Ritual De Lo Habitual’, Chili Peppers ‘Mothers Milk’, Alice in Chains ‘Facelift’) e depois de conhecê-lo, descobri que ele trabalhou com Talking Heads, Herbie Hancock e The Stones. Quer dizer, eu estava impressionado com ele.
Mas pessoalmente ele era muito modesto e autoconfiante como uma pedra. Ele era bem quieto também, isto é, até você fazê-lo falar sobre História Mundial, Guerras Mundiais ou histórias de algumas das pessoas importantes com quem ele trabalhou.
A pedido da gravadora, ele arrastou os pés até nossa sala de ensaio para o que deveria ser a primeira de muitas sessões de ‘pré-produção’. Enquanto estávamos tocando, fazendo nossas coisas, ele estava sentado no nosso sofá, bloco de notas na mão, rabiscando com uma caneta esferográfica, sem dizer uma palavra além de ‘Legal’ o tempo todo. Depois que terminamos a noite, ele se levantou e disse: ‘Ok, bem, vocês estão prontos para gravar agora’. E enquanto ele estava lá, vi seu bloco de notas na mesa ao lado do sofá. Rabiscado nele não estava a ‘lista de coisas nas quais a banda precisa trabalhar’, mas sim um desenho do que parecia uma paisagem apocalíptica com árvores mortas e colinas enegrecidas. Naquele momento pensei comigo mesmo: ‘Eu gosto desse cara’.
No estúdio (El Dorado na Sunset Blvd), ele trabalhou conosco para deixar as faixas de bateria e baixo bem definidas. Ele estava muito ciente das intenções da banda e teve o cuidado de não nos levar a um lugar onde não pertencíamos. Ele sempre dizia coisas como: ‘Isso parece perigoso, sempre deve soar perigoso’, e estava interessado em arriscar e não jogar com as expectativas. Neste ponto da história da banda, nós nos reagrupamos recentemente após perder nosso guitarrista e líder musical Dave Prichard em 1990. Eu era o próximo na fila para assumir o papel de diretor musical, que eu estava abraçando e supervisionando de longe durante essas sessões. No meio da gravação das guitarras base e vocais, John Bush veio até mim e disse: ‘Não estou feliz com o que estou gravando com Dave, acho que posso fazer melhor’. Então, relutantemente, perguntei a Dave se ele se importaria se eu trabalhasse com John durante suas tomadas vocais. Dave disse: ‘Você deveria!’ e foi o que eu fiz. Dave saía do estúdio enquanto eu trabalhava com John e ouvia no dia seguinte. Eventualmente, acabei trabalhando com Jeff Duncan e Phil Sandoval gravando as guitarras principais junto com o engenheiro de Dave, Bryan Carlstrom (RIP). Em um ponto, Dave veio até mim e disse: “Você está indo muito bem, não precisa de mim aqui até a mixagem”. No restante das sessões, Dave aparecia para ouvir nosso trabalho a cada 3-4 dias. Era como se eu tivesse as chaves do parque de diversões!
Nunca vou esquecer aquele momento em que ele me confiou seu estúdio e seus engenheiros. É preciso ter coragem para confiar em outra pessoa nessa situação. Dave até me deu um crédito de coprodução pelas notas do encarte. Essa confiança que ele me deu naquele momento ficou comigo desde então. Sou eternamente grato por sua confiança em mim e pelo conhecimento que ele compartilhou com todos nós. Minha experiência trabalhando com Dave ajudou a moldar quem eu sou hoje. Obrigado Dave Jerdan.
Esta foto que encontrei é como me lembro de Dave Jerden Um total fodão!
Elogie seus professores!”