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Neste quadro iremos destacar discos que são excepcionais em qualidade musical, porém, não obtiveram o reconhecimento que mereciam. Muitos deles são absolutamente desconhecidos do grande público e, é neste espaço, que tentaremos corrigir algumas injustiças históricas que aconteceram no universo do Heavy Metal.
Era uma vez, uma banda nascida na cidade São Paulo e criada por cinco moleques que mal haviam saído da adolescência, mas que possuíam genuína paixão pelo Heavy Metal. Tal banda foi precursora em levar a música pesada brasileira para fora do país e, através do talento de seus integrantes, fez estrondoso sucesso em diversos países da Europa e também no Japão. Os dois discos que lançaram neste período, apesar de lançados sem a menor pretensão, se tornaram obras históricas e sem precedentes para o nosso Metal. Essa banda se chamava Viper!
Claro que trabalhos como “Soldiers Of Sunrise” e “Theatre Of Fate” são acima de qualquer crítica. Mas aqui, vamos falar do terceiro registro dos caras, o ótimo, porém, extremamente subestimado, “Evolution”.
O início avassalador dos paulistanos é algo absurdamente incrível. Muito disso se deu pelo carisma e pelas qualidades vocais de André Matos. Só que André tinha outros planos para sua vida naquele momento e resolveu abandonar o barco, fazendo com que o Viper se virasse para arranjar um substituto. Pit Passarell, que já era o principal compositor da banda, assumiu o posto e, em 1992, foi lançado “Evolution”.
O álbum, além de não trazer Matos nos vocais, era uma espécie de passo atrás com relação a musicalidade extremamente melódica e cheia de elementos clássicos e orquestrados de “Theater Of Fate”. “Evolution” traz consigo muito pouco da musicalidade do seu antecessor e, ao invés disso, procura resgatar aquela veia mais porrada do Heavy Metal puro e direto contido em “Soldiers Of Sunrise”. Claro, estávamos no início dos anos 90, onde um turbilhão de bandas surgiam e o Heavy tradicional estava um tanto enfraquecido. Certamente, isso fez com Pit olhasse para outros horizontes na hora de compor, mas nada que fosse capaz de manchar o legado do Viper até então. Ao mesmo tempo em que o disco te apresentava uma balada mais moderninha como “Dead Light”, tínhamos sons extremamente tradicionais e porradas como “Evolution” e “Coming From The Inside”. O álbum traz canções energéticas e cheias de punch como “The Shelter” e o hit “Rebel Maniac”, baladas incríveis como “The Spreading Soul”, momentos de pura inspiração como em “Still The Same” e “Dance Of Madness”, além da totalmente ‘theater-of-fateana’ “Wasted”.
Dá pra entender a decepção dos fãs que queriam André Matos e outro disco na linha de “Theater Of Fate”? Sim, é perfeitamente entendível. Só que não tem como dizer que “Evolution” é um trabalho ruim ou médio só por causa disso. É um álbum extremamente criativo, bem executado, com canções grudentas e uma pegada avassaladora. Pit, apesar de ser um vocalista infinitamente menos técnico que Matos, manda muito bem e compensa suas deficiências com muita garra e performances ao vivo cheia de sangue no olho. Com toda certeza, “Evolution” fecha uma trinca inicial perfeita e sem deslizes, de um dos nomes mais importantes do Metal BR. O que viria à seguir, com o fraquinho “Coma Rage” e o bizarro “Tem pra todo mundo”, aí sim, é motivo para críticas e narizes torcidos, mas isso é pauta pra outra publicação e em outro quadro…
Se você não conhece este baita álbum do Viper, esqueça as críticas que você viu e ouviu até hoje, não perca mais tempo, ouça “Evolution” na íntegra e corrija este erro o mais rápido possível. Se curtiu o quadro e conhece algum disco que poderia ser abordado por aqui, comente e faça seu pedido.
♫ “Evolution
Self destruction
Evolution
No solution
Disease and fear
I walk every night to see the end
Come see the end
By my side.” ♫
Redigido por Fabio Reis