I.R.S. Records
Cá estou para somar forças com meus compatriotas e relembrar mais um álbum, que por determinados motivos, não alcançou um patamar maior do que obteve, não somente em questão de vendas, mas de relevância e indicações posteriores. Como se sabe, eu costumo provocar boas misturas e para adivinhar o que eu vou escolher para falar não é uma tarefa tão simples assim. A bola da vez acabou de ser lida pelo caríssimo e fiel leitor a partir do subtítulo desta epístola. Lançado no dia 10 de setembro de 1991, via I.R.S. Records, o Nuclear Assault dava prosseguimento ao seu legado musical em uma década que estava prestes a tomar novos rumos em se tratando de música pesada. Após a trinca imbatível que reúne os álbuns “Game Over” (1986), “Survive” (1988), e Handle With Care (1989), os norte-americanos tinham um árduo trabalho pela frente que era de formar uma quadra ainda mais sólida do que acontecera com sua trinca inicial. Porém, mais uma vez a arte visual fez o público ficar em dúvida quanto ao novo disco à época. Tudo bem que a capa ainda mostra coisas referentes às guerras como nos discos anteriores, porém, o caso aqui ficou bem diferente ou até distante para muitos que acabaram por torcer o nariz ao ver a imagem.
Boa parte das bandas sofreu mudanças drásticas em suas artes de capa na virada para os anos 90, e desde então dificilmente conseguiram manter o mesmo nível sonoro de outrora. Ah, mas então você está dizendo que o Metal morreu nos anos 90? Não, meu nobre leitor! Estou dizendo com relação à influência das gravadoras que estavam pendendo muito mais para o que estava surgindo do que para as tradicionais bandas de Metal já existentes na qual faziam com que as bandas pensassem ou fossem obrigadas a tomar outro rumo. Se você analisar bem as capas, verá que a moda de recortes e imagens disformes todas embaralhadas tomaram conta dos trabalhos lançados nessa década. E isso é tão evidente que muitas pessoas dizem que as capas dos anos 80 são as melhores que já foram criadas. O Nuclear Assault pode até não ter ganhado tanta grana assim com seus clássicos insubstituíveis, mas a visão sobre eles era e continua sendo muito mais clara do que com os álbuns subsequentes.
Eu, particularmente, considero o quarto full-length até melhor que o glorioso “Survive”, que por ordem é o segundo lançamento de Dan Lilker (baixo), John Connelly (vocal) e amigos. Já outro fato interessante sobre a capa é que mantiveram o logo original mesmo que de forma mais escondida, porém, o formato permaneceu intacto. Isso dava a entender que a sonoridade poderia não ter mudado tanto assim. É engraçado o modo que as capas se comunicam com o público. Por mais que uma capa seja feia, se ela for sincera te fará querer ouvir o álbum. Talvez não fosse esse o contexto por trás das imagens feitas de 1990 até próximo dos anos 2000. Se bem que por volta de 1998 ou até antes já se investiam em imagens no formato 3D, tendo inclusive umas capas que ficaram tão embaçadas que eu fico tonto se olhar muito. Não sei se acontece com mais alguém, mas esse tipo de capa eu procuro não olhar tanto. Completam o clássico time, o guitarrista Anthony Bramante e o baterista Glenn Evans.
Todos os adeptos sabem que o Nuclear Assault passou por diversas pausas e que desde 2011 vem mantendo-se em atividade, embora já tenha anunciado que encerraria de vez os trabalhos após o EP “Pounder” (2015). Tanto que este é o último registro de estúdio dos novaiorquinos. Eu como gosto da banda adoraria conferir mais um novo lançamento deles, porém, isso parece estar longe de acontecer. Agora quanto ao impecável “Out Of Order”, ao contrário do nome do disco, tudo está na mais perfeita ordem com músicas amplamente equilibradas e que se não são tão afiadas e cortantes como as faixas dos álbuns anteriores, ainda sim possuem todo o peso e energia, dos quais o Nuclear Assault sempre se dispôs a entregar aos seus fãs.
Com uma gravação mais concisa e um som mais encorpado, “Out Of Order” promove ao ouvinte uma mistura de técnica, agressividade e solos primordiais para um estilo tão exigente quanto o Thrash Metal. Ah, e sem esquecer o Crossover que aparece em menor escala aqui do que nos trabalhos anteriores e acrescentando um tempero a mais de Heavy Metal. Esse álbum remete a bandas do porte do compatriota Anthrax, além dos russos do Shah (banda essa que se tornou um dos ícones do dito ‘cult’ para quem hoje a conhece). Para quem gosta de ler as informações técnicas aqui está um breve resumo da obra: a produção executiva ficou nas mãos de Glenn Evans e Casey McMackin; a bateria e o baixo foram gravados no The Hit Factory, Nova York; o álbum foi mixado no Presence Studios em East Haven, Connecticut.
Agora que conheceu mais essa pérola ou recordou dela, vá conferir do início ao fim esse grande álbum e para apimentar essa audição, indico para prestar bastante atenção nas faixas “Too Young To Die”, “Resurrection” (com direito a descarga na privada no final) e “Stop Wait Think“ (com sua intro sinistra e bastante “metallicana”). Garanto que tais faixas não sairão da sua cabeça, isso sem contar as outras que são de altíssimo nível também. Ah, “Hypocrisy” também é sensacional! E não podemos deixar passar em branco a genial participação do tecladista John Quinn na faixa “Save The Planet”. As outras performances no teclado ficaram a cargo do próprio Dan Lilker. Finalizando o texto e a obra, temos o incrível cover de “Ballroom Blitz”, clássico do Sweet.
“Stop wait think
Maybe what I’m trying to say
Stop wait think
Your hands aren’t clean, there’s blood on them
Stop wait think
Every death that needn’t be
Stop wait think
The pain of it rests on your head”
Redigido por Stephan Giuliano