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Resenha: Transilvania – “Of Sleep And Death” (2021)

Gravadora: Invictus Productions

   

Começo esta nova escrita lhe fazendo uma singela indagação. Já ouviu falar em Innsbruck? Seja sincero e diga que não, pois nem mesmo os turistas comentam sobre esse lugar. Talvez por conta do seu nome não tão simples de lembrar. E por conta disso, eu digo que é ainda mais interessante pode discorrer sobre determinado álbum, pois assim descubro cada vez mais lugares novos, ao menos para minha persona. Innsbruck é uma cidade austríaca localizada a oeste nos Alpes e tradicional destino para a prática de esportes de inverno pertencente ao estado de Tyrol. O estado sim eu já ouvi falar e até fiz um trabalho escolar que envolvia este nobre lugar. Não sei o que a Áustria tem, mas é um país que revelou diversas personalidades ao mundo. Você pode percorrer desde a sétima arte, passando pela música, ciência, esporte e até (infelizmente) a guerra. Porém, não é sobre esse país que admiro tanto que estamos a tratar, não mesmo, caro Watson? Já que citamos o local de fundação do Transilvania, é hora de mergulhar um pouco mais em sua descrição e em seu material a oferecer até então.

Antes de optar e definir o nome para Transilvania, a banda que pratica o ascendente Black/Thrash Metal surgiu em meados de 2010 com o nome Epidermis, e quatro anos mais tarde mudou para Old Skull. Parecia que estava definido, mas não. Enfim, ainda em 2014 os austríacos chegaram a um consenso de que teria de mudar novamente. E a partir daí passou a se chamar Transilvania. A meu ver acertaram na decisão. O nome combina com a proposta e a base de sua sonoridade oferecida. Seu material de estreia é o EP “Morbid Majesty” (2015), e um ano depois lançou o split ao lado da banda Kafirun (banda de Black Metal de Vancouver, Canadá) intitulado “Transilvania / Kafirun”. Em 2018 foi lançado o debut “The Night Of Nights”, que marca a estreia definitiva da banda no cenário musical. Agora estamos diante de seu segundo álbum completo, “Of Sleep And Death”, pronto para fincar o nome da banda nas listas de grandes atrações do Metal ao redor do globo terrestre. O álbum foi lançado no dia 1° de janeiro via Invictus Productions, sendo mixado e masterizado no The Devil’s Mark Studio por Marco S. A arte da capa e também do encarte ficou a cargo de Jaime P. S. Enquanto as fotos são de autoria de Alina Savage and J. Wurzer.

Como pode notar todos usam siglas para seus nomes, sejam eles reais ou não. E com a banda também não é diferente, confira: P. Čachtice (vocal e baixo), D. D. Stumpp (guitarra base), H. Paole Grando (bateria) e O. von Schwarzenberg (guitarra solo). Para deixar a ideia prevalecer, eu continuarei usando as nomenclaturas das figuras citadas. Dessa forma poderei te deixar um pouco mais curioso em saber mais sobre os nomes de cada integrante e cada componente de gravação. Agora sem mais delongas vamos à análise do referido disco.

   

Em meio ao clima soturno, macabro e envolvente que cerca o álbum, ligando temas relacionados ao vampirismo, horror e satanismo, o Transilvania abre o porão aonde guardam as poções malignas para apresentar seu arsenal ardente e sangrento com “Opus Morbi”. A fervura das chamas negras obscurescentes se eleva até que os primeiros versos desgraçados tomam conta do hall de rituais sombrios. Riffs cavernosos e solos sufocantes provocam todo o clima pútrido ideal para o ambiente da festa infernal. A próxima flecha do destino atende por “Hekateion”, faixa esta que carrega consigo a alcunha apresentada sobre o som praticado pelo Transilvania. Black/Thrash de primeira linha sem acrescentar mais nada, apenas mantendo a pura e suja agressividade necessária para percorrer este caminho. Os vocais raivosos e expurgantes de P. Čachtice se alinham às guitarras de D. D. Stumpp e O. von Schwarzenberg. O solo desta canção demoníaca é ainda superior ao solo da faixa inicial, mostrando que O. von Schwarzenberg sabe infernizar com qualidade através de seu encordoamento.

“Of Sleep And Death” chega com tudo e traz o baterista H. Paole Grando ensandecido e cheio de energia para deixar a sonoridade da banda ainda mais impetuoso e vibrante. Com várias paradas características do Thrash, a canção ganha força extra e faz jus por ser aquela que fecha a primeira grande trinca do disco. Por volta da metade da poesia cantada, acontecem momentos distintos do que a canção trazia até o momento, dando um tempero a mais para a mesma. Acordes mais calmos e bem trabalhados tornam a faixa mais rica e sem poder ser chamada de “mais do mesmo”, onde logo depois retoma o percurso habitual. “Lycanthropic Chant” é a quarta ponta de lança que apresenta em seu início uma pitada a mais de Thrash do que nas canções anteriores. Os vocais de P. Čachtice mantêm o caminho voltado para o Black Metal, na qual provoca essa junção de forma coesa e bastante natural. Seu baixo também provoca uma elevação natural com relação ao peso que a canção carrega.

A abóboda da noite convoca todas as asseclas da desolação junto às suas primeiras notas, mais velozes e repetitivas. Agora quem domina o cenário é a aura mais voltada ao Black Metal, porém, sem deixar de lado a junção das vertentes que cerca todo o enredo. “Vault Of Evening” possui excelentes passagens até a chegada de mais um solo que dessa vez é mais breve, mas não menos qualificado e brilhante. A canção ganha mais variações sem se deixar cair em tentação, tornando o ambiente melancólico e catastrófico no melhor dos sentidos e pendendo somente em relação á música. “Heart Harvest” colhe vários corações frescos com a intenção de enviar ao seu superior que não sente mais a fraqueza ao sol nem o controle por simples magias. De forma diferente o som vai caminhando de vento em polpa, sem deixar o ouvinte com a sensação de estar ouvindo a mesma canção o tempo todo. Peso e velocidade na medida certa com variações precisas. Isso sem contar os solos de O. von Schwarzenberg novamente destroça cadáveres e viola túmulos.

“Mortpetten” é o exemplo claro de que também temos canções ríspidas que flertam como Speed/Black, mas que seguem na proposta anunciada. A bateria de H. Paole Grando acaba ficando um pouco abafada por conta da violência sonora oferecida, mas que não desvaloriza a trama. Apenas não acrescenta pontos a mais. Sabe aquele tipo de pausa para a música dar aquela acelerada mortal após o riff que chama os demais instrumentos? Sim, também temos por aqui e o melhor ainda é que antecede os solos que são divididos de acordo com os riffs. Uma faixa que simplesmente rasga e dilacera qualquer criatura que ousar cruzar o seu caminho. A história insana e giratória termina com um toque esplêndido de melancolia em “Underneath Dying Stars”… Mas, acabou?! Claro que não! Trata apenas de uma intro muito bem construída e encaixada pela banda. Após isso tudo volta ao normal em se tratando de Transilvania. Mais uma faixa arrasa-quarteirão que pode te provocar a ouvir o disco com muita frequência. Antes do fim é possível ouvir o baixo de P. Čachtice em amplo destaque. A banda acaba voltando à sua velocidade alta comum sem deixar o conforto (no mal sentido) tomar conta da casa.

Considero essa uma das melhores misturas não tão comuns do Metal, e quem consegue mesclar o Black e o Thrash Metal com equilíbrio e inteligência sempre se sairá muito bem de acordo com o que eu penso e admiro. O Transilvania resgata essa aura sem luz e coloca toda a cavalaria à sua disposição. Isso faz com que o disco ganhe mais corpo e não deixa o som cansativo como muitas bandas acabam por fazer. Se você aprecia tal junção de vertentes, não deixe de conferir essa grata novidade austríaca repleta de grandes canções.

   

Nota: 8,8

Ouça a faixa “Morpten”:

  • Integrantes:
  • P. Čachtice (vocal e baixo)
  • D. D. Stumpp (guitarra base)
  •    
  • H. Paole Grando (bateria)
  • O. von Schwarzenberg (guitarra solo)
  • Faixas:
  • 1. Opus Morbi
  •    
  • 2. Hekateion
  • 3. Of Sleep and Death
  • 4. Lycanthropic Chant
  • 5. Vault Of Evening
  • 6. Heart Harvest
  •    
  • 7. Mortpetten
  • 8. Underneath Dying Stars
  • Redigido por: Stephan Giuliano
   
   

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