Ícone do site Mundo Metal

Resenha: Majestica – “Power Train” (2025)

Olhe para a arte desta capa e imagine o seguinte cenário: você é um fã de Power Metal e foi deslocado para um universo paralelo onde o único objetivo é vivenciar todas as nuances do estilo de forma intensa e real. Próximo a você e ao seu entorno está um vilarejo perdido no tempo, algo que você observa e faz ligações com alguma cidadezinha do início do século passado. No horizonte, um mundo inteiro de mistérios irresistíveis podem ser verificados e isto te causa assombro. A magia está no ar e é quase palpável, ao longe você consegue identificar edifícios futuristas, novos astros estão pairando no céu, e este é um lembrete de que você não está onde deveria estar.

Mais ao longe, criaturas tão magníficas quanto assustadoras voam de maneira exuberante e nada parece fazer sentido. De repente, uma explosão azul intensa acontece e um círculo de energia se forma como se fosse um portal. De dentro dele sai o “Power Train”, uma locomotiva mágica com engrenagens movidas a Power Metal noventista da melhor qualidade. Em seu subconsciente, algo te diz para entrar e se acomodar, esta é a ferramenta que vai te proporcionar o cumprimento do seu objetivo. Obviamente, você não deve se esquecer de apertar os cintos e preparar sua atenção, pois o Metal melódico, técnico, veloz e pegajoso será sua única companhia nesta viagem que durará aproximadamente 47 minutos.

Tommy Johansson é o cara

O guitarrista, vocalista e líder do Mejestica, Tommy Johansson, é o principal responsável por esta viagem fantástica aos confins do Power Metal. Após dois álbuns muito bem recebidos pelo público, “Above The Sky” (2019) e “A Christmas Carol” (2020), a banda resolveu adentrar ainda mais nos grandes pilares musicais do estilo. Segundo Johanson:

“Pegamos as melodias e os elementos de Power Metal do nosso primeiro álbum e os misturamos com alguns dos arranjos de coro e orquestra do último – mistura perfeita!”

Reprodução/Facebook Majestica

Metal melódico no sangue

E realmente a mistura gerou resultados surpreendentes. O disco funciona muito bem como uma audição completa, mas se pegarmos qualquer uma das 10 músicas e a separarmos das demais, também irá funcionar. Dessa forma, são dez hinos épicos independentes que transitam por ritmos envolventes, além dos clichês usados de forma sábia e competente.

Desde os tempos de Reinxeed, a primeira banda de Tommy (antes da sua participação no Sabaton) e também do baixista Chris David, era nítida a facilidade dessa turma em criar ótimas canções. Apesar do Reinxeed não ter conseguido muito destaque na época, toda a classe e capacidade artística foi trazida ao Majestica com a adição de um tempero muito importante, a experiência. E isso faz toda diferença em um subgênero tão saturado. Para fazer sucesso tocando Power Metal em 2025, a banda certamente precisa ter diferenciais e atrativos que superem a concorrência. O Majestica possui alguns.

Reprodução/Divulgação

The power tracks:

Podemos mencionar técnica aliada a boas composições para iniciar. Não adianta ser ótimo músico, tocar uma infinidade de notas por segundo e na hora da criação, tecer canções chatas ou pouco atrativas. Em “Power Train” encontramos uma verdadeira coleção de refrãos pegajosos, linhas empolgantes e virtuose na medida certa. Um outro ponto favorável ao Majestica é a variação de ritmos, e percebemos isso logo na trinca inicial. Enquanto a canção título inicia a audição no modo full speed ahead ativado, “No Pain No Gain” chega com aquele ritmo festeiro/dançante a lá happy happy Halloween e “Battle Cry” traz peso e riffs mais diretos. São músicas absolutamente distintas, mas que se entrelaçam com espontaneidade.

“Megatrue” tem uma veia Epic Metal e, desse modo, traz uma cadência muito interessante para o andamento da audição. Já “My Epic Dragon” tem um título autoexplicativo. Sim, trata-se de uma faixa cheia de pompa e melodias viciantes que fatalmente se tornaria um clássico do estilo se lançada no final dos anos 90. “Thunder Power” pisa novamente no acelerador e “A Story In The Night” foi uma escolha perfeita como single, que baita refrão!

Perto do final ainda temos uma trinca majestosa. Dessa forma, percebemos que a temperatura não abaixa durante nenhum ponto do desenvolvimento da audição. O disco se mantém linear em termos qualitativos da primeira a última faixa e, logo após chegar a esta conclusão, percebemos que isso é algo realmente difícil de alcançar.

Viagem concluída

“Go Higher” é aquele tipo de música chiclete que nomes como Stratovarius e Edguy se tornaram especialistas no final da década de 90. Já “Victorious”, apesar de não fugir muito desta esfera, tem elementos que remetem um pouco mais ao Helloween da fase “Keeper”. O encerramento se dá com “Alliance Anthem”, um hino Power/Speed de respeito onde o instrumental afiado é o total destaque.

Reprodução/Youtube

Ao final desta audição… desculpe, desta viagem alucinante pelo “Power Train” do Majestica, chegamos a conclusão que o Power Metal ainda consegue entregar álbuns tão empolgantes quanto já conseguiu em seus tempos áureos. Tudo vai depender da capacidade musical e criativa dos músicos envolvidos, assim como da imersão proporcionada aos ouvintes.

“Power Train” foi produzido pelos próprios integrantes do Majestica no estúdio da banda, o Majestic Studios. Jonas Kjellgren ficou responsável pela mixagem e, para não sermos injustos, o responsável pela capa sensacional que nos proporcionou toda aquela viagem imersiva inicial foi o artista Jan Yrlund, da Darkgrove Design.

Belo trabalho dos suecos!

Nota: 8,2

Integrantes:

Faixas:

  1. Power Train
  2. No Pain, No Gain
  3. Battle Cry
  4. Megatrue
  5. My Epic Dragon
  6. Thunder Power
  7. A Story in the Night
  8. Go Higher
  9. Victorious
  10. Alliance Anthem
Sair da versão mobile