Na lista de discos relevantes editados em 2022, é preciso destacar “Lost XXIII”, novo álbum de inéditas do guitarrista alemão Axel Rudi Pell e sua banda, batizada com o seu nome.
Dois anos após o ótimo “Sing Of the Times”, o grupo retorna com um novo disco apresentando a mesma fórmula dos trabalhos anteriores. Fórmula esta que tornou-se a marca registrada do guitarrista e, claro, de sua banda.
Porém, antes de mergulhar nas melodias do novo petardo, é importante frisar que não se trata de uma banda nova lançando mais um disco, haja visto que o incansável guitarrista está na estrada desde o longínquo ano de 1981 quando formou o Steeler, banda com quem lançou os ótimos “Steeler” (1984), “Rulin ‘ The Earth” (1985), “Strike Back” (1986) e “Undercover Animal” (1988).
*Não confundir com o Steeler americano, banda formada pelo guitarrista Yngwie Malmsteen e Ron Keel (vocais).
Após a dissolução do Steeler, o guitarrista formou, em 1989, o Axel Rudi Pell, banda batizada com o seu nome, lançando em dezembro do referido ano, “Wild Obsession”, álbum oficial de estreia.
Antes da entrada de Johnny Gioeli (Hardline) assumindo os vocais no excelente “Oceans Of Times” (1998), passaram pela banda nomes como Charlie Huhn, Bob Rock e Jeff Scott Soto.
Acelerando a máquina do tempo e voltando ao ano de 2022, falemos de “Lost XXIII”, vigésimo primeiro trabalho oficial e o décimo quinto sob os vocais de Gioeli.
Produzido pela própria banda, o álbum apresenta 10 faixas inéditas divididas em aproximadamente cinquenta e cinco minutos de duração.
Mais que um novo trabalho do guitarrista alemão, trata-se de mais um ótimo registro apresentado pelo próprio Axel Rudi Pell (guitarras), Volker Krawczak (baixo), Ferdy Doernberg (teclados), Bobby Rondinelli (bateria) e Johnny Gioeli (vocais), autoridades quando o assunto é Heavy Metal. Ou seria Hard Rock? Ok! vamos classificar como Mezzo-Hard, Mezzo-Heavy.
Apresentações feitas, é hora de mergulhar em mais um trabalho desse exímio músico alemão.
Vem comigo!
“Lost XXIII Prequel”, pequena e breve introdução (característica em todos os trabalhos da banda), abre caminho para a trinca iniciada com “Survive”, “No Compromisse” e Down On The Streets”, faixas que seguem a mesma linha musical apresentada em todos os trabalhos do quinteto.
Dividindo melodias entre Heavy Metal e Power Metal, podemos dizer que “Survive” é a faixa que comanda o espetáculo sonoro apresentando belas harmonias, refrão grudento, além do vocal “familiar” de Gioelli, auxiliado pelas linhas precisas extraídas das guitarras de Axel que representam a música que seus fiéis fãs estão acostumados a ouvir.
Enquanto isso, “No Compromise” se responsabiliza pelo lado Hard’n’Heavy, mais uma característica peculiar da banda recorrente em seus trabalhos, apresentando sobretudo a fórmula perfeita de ambos os estilos (Heavy e Hard), oferecendo como sempre o melhor resultado possível.
Com suas linhas de guitarras totalmente voltadas a clássica “Jailbreak”, canção da banda irlandesa Thin Lizzy, “Down On The Streets” fecha o que podemos chamar de trinca de alto nível.
Apesar das similaridades mencionadas, é preciso dizer que temos aqui uma faixa calcada no Heavy Metal, onde as guitarras de Axel encontram as harmonias dos teclados de Doernberg (Ferdy) que por sua vez encontram os vocais de Gioeli, resultando em um momento espetacular do disco.
*Das três faixas acima citadas, “Survive” e “Down On The Streets” ganharam Lyric Video.
Tirando o pé do acelerador,“Gone With The Wind” é aquele momento sereno e romântico da banda. Aliás, esta é outra característica do guitarrista, compor de forma primorosa as chamadas “baladas” com uma perfeição absurda. Talvez esta particularidade esteja ligada principalmente nas interpretações de Johnny Gioeli, grande responsável por despejar uma dose extra de sentimento que casa perfeitamente com a letra.
*Temos aqui mais um single!
A facilidade com que a banda migra de um estilo pro outro é tão simples quanto virar a página de um livro e é exatamente isso que acontece em “Freight Train”, excelente faixa onde a banda mergulha de cabeça no Hard Rock, terreno onde Gioeli manda muito bem já que suas raízes estão muito bem fincadas no estilo, haja visto seus trabalhos ao lado do Hardline.
Em um dos melhores momentos do disco, é impossível não se render às harmonias geniais de uma canção perfeita em todos os detalhes, incluindo seu refrão.
Destaques para as guitarras que em determinado momento, mais especificamente nos solos, nos remete a “Another Rainy Night”, faixa presente no álbum “Empire” da banda americana Queensrÿche.
“…Riding on a freight train / Dancing on a wire / Riding on a freight train / Lost souls burn in fire / Riding on a freight train / Dancing on a wire / Riding on a freight train / Unfulfilled desire…”
De volta ao Heavy/Power, “Follow The Beat” é mais uma daquelas canções típicas da banda, onde tudo e todos soam perfeitos em suas respectivas funções. Embora não custe nada exaltar as linhas de teclados, além da bateria precisa de Rondinelli (Bobby).
E se tem espaço para balada, evidentemente há também espaço para Power Ballad e é exatamente disso que se trata “Fly With Me”, belíssima faixa onde Gioeli mostra o quanto possuiu um timbre espetacular, soando melhor a cada disco (o cara canta muito).
Além das guitarras com seus riffs intensos, é preciso destacar mais uma vez os trabalhos excepcionais de teclados, soando como piano em quase toda a música, além de aparentes linhas de violinos (belíssimas) ao fundo, trazendo um toque sutil e elegante à canção.
Em resumo: Um dos grandes momentos do disco.
Sabe aquelas linhas de órgãos Hammond executadas com perfeição por mestres como Jon Lord, Keith Emerson, Ken Hensley, etc? É exatamente isso que ouvimos na instrumental “The Rise Of Ankhoor”, uma das músicas mais incríveis de todo o disco. Ao menos esta é minha opinião.
Talvez o amigo se esquive ao ler que trata-se de uma faixa instrumental, porém, é preciso deixar claro que diferente do que se espera ouvir em músicas neste formato, temos aqui uma daquelas passagens grandiosas, daquelas que te prendem tal qual um tentáculo e o melhor, sem espaços para fritações e/ou virtuoses desvairadas. Há momentos inclusive onde as guitarras soam idênticas às de Michael Schenker.
Aposto minhas fichas que após a primeira audição, a tecla “Repeat” seja acionada imediatamente.
Aliás, incluir esta faixa em suas apresentações seria uma sábia escolha, já que prevejo fãs de grupos como Uriah Heep, saindo felizes e sorridentes do show. Que música espetacular!
Mais uma característica do músico alemão é encerrar seus discos sempre com uma faixa relativamente longa, caso da épica “Lost XXIII” encerrando o disco de forma grandiosa com suas melodias ultrapassando a barreira dos oito minutos e meio de duração, seguindo exemplos de “The Eye Of The Cross”, “Holy Creatures”, “Tower Of Babylon”, “World Of Confusion”, Northern Lights”, etc, canções presentes em discos anteriores e todas elas, faixas de encerramento.
A propósito, poucas bandas conseguem compor canções longas sem soarem entediantes e/ou enfadonhas. Felizmente o Axel Rudi Pell é uma exceção já que o trabalhos de melodias destas canções soam milimetricamente perfeitas e, evidentemente, bem construídas.
Em mais um trabalho relevante de sua longa carreira, o músico alemão mostra que embora previsíveis, seus discos continuam soando coesos, coerentes e musicalmente apropriados, destacando além de suas habilidades como exímio guitarrista, seus préstimos como excelente compositor, além de líder de uma das melhores bandas da Alemanha.
Na lista de bandas e discos essenciais lançados em 2022, “Lost XXIII” é mais um registro altamente indicado e recomendado aos amantes da música feita com qualidade.
Nota: 8,9
Integrantes:
- Axel Rudi Pell (guitarra)
- Johnny Gioeli (vocal)
- Volker Krawczak (baixo)
- Ferdy Doernberg (teclado)
- Bobby Rondinelli (bateria)
Faixas:
- Lost XXIII Prequel (Intro)
- Survive
- No Compromise
- Down On The Streets
- Gone With the Wind
- Freight Train
- Follow The Beast
- Fly with Me
- The Rise Of Ankhoor
- Lost XXIII
Redigido por: Geovani “Debut de Estreia” Vieira