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O Punk Respira, livro do jornalista Eduardo Ribeiro, é um recorte temporal do underground

Mário Pescada

Há vários livros no segmento musical que reúnem material do passado, o que é uma ótima oportunidade para ter acesso muitas vezes a edições já fora de catálogo ou que chegaram às mãos de poucas pessoas, mas “O Punk Respira: Entrevistas Coletadas” (2023) é muito mais do que um apanhado de algumas das muitas entrevistas feitas pelo experiente jornalista Eduardo Ribeiro com figuras do meio punk, é um recorte temporal do underground.

Eduardo Ribeiro está envolvido com jornalismo há muitos anos. Acumulou experiência pelas passagens por diversos veículos da mídia impressa e virtual e possui outro livro no currículo: “Uma História Oral do Movimento Anarco Punk em São Paulo (1988-2001)”.

“O Punk Respira: Entrevistas Coletadas” (2023) reúne 31 entrevistas conduzidas por Eduardo para a Trip, VICE, Elástica e Vista, de 2010 a 2023, com bandas/artistas de diferentes partes não só Brasil, mas do mundo. Há uma diversidade muito ampla no perfil dos entrevistados: alguns já eram experientes no meio, outros estavam começando, alguns continuaram nos mesmos grupos, outros criaram novos grupos e muitos até abraçaram carreiras além dos palcos, mas sem perder a conexão com a música.

O conteúdo em si

O ponto em comum das bandas é a ideologia punk, mas nem todas as bandas necessariamente tocam punk: há bandas de oi!, hardcore, alternativo, grunge, grindcore, hardcore techno e claro, o punk em si. É uma ótima chance de conhecer nomes novos (eu mesmo anotei vários), como também ler opiniões sobre assuntos fora da música por grupos referências como Gang Of Four, Garage Fuzz e Dead Fish; dos precursores e experientes Death e Crass; dos extremos Dropdead e Facada; pelo grito feminino do Dominatrix; dos reis do barulho Sonic Youth e Mudhoney; do seminal Cólera; etc.

Usando da sua experiência adquirida pela vivência na cultura underground, Eduardo conduz os entrevistados/as de forma leve, mas sem esquivar de nenhum assunto, ainda que espinhoso. Além da música em si, há momentos de reflexões sobre o meio, suas contradições, seus desafios, preconceitos (sim, eles existem aqui também) e complexidades. Você vai lendo e é como se estivesse ali, presenciado um bate-papo informal entre duas pessoas.

Com 246 páginas, “O Punk Respira: Entrevistas Coletadas” (2023) foi lançado pela Editora Rizoma e pode ser encontrado no site da Läjä Records.

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