Ícone do site Mundo Metal

Megadeth: “Eu não conseguia acreditar que faria parte da minha banda favorita de todos os tempos”, diz Chris Adler

Reprodução/youtube

O baterista Chris Adler, conhecido por ter feito parte do Lamb Of God durante muitos anos, também gravou trabalhos emblemáticos com outros nomes de peso da cena Metal. Um desses grupos foi o Megadeth, onde Adler gravou o álbum vencedor do Grammy, “Dystopia”, lançado em 2016.

O músico não permaneceu na banda por escolha própria, mas acabou indicando seu sucessor, Dirk Verebeuren, que permanece no posto até hoje. Na época, Chris acreditava que o Lamb Of God era sua casa e era para lá que ele deveria voltar. Mas ele possuía alguns problemas médicos (distonia) e passava por uma espécie de inferno astral. No final das contas, Chris Adler acabou sendo demitido do Lamb Of God pouco tempo depois e confessou que ficou arrasado quando isso ocorreu.

Em uma nova entrevista concedida a Loaded Radio, Chris Adler conversou sobre todos estes pontos de sua carreira. Questionado sobre as circunstâncias que levaram a sua saída do Lamb Of God, Adler começou mencionando sua passagem pelo Protest The Hero e pelo Megadeth. Ele explicou:

“Quando tive a oportunidade de gravar o disco do Protest The Hero, ‘Volition’, de 2013, era uma das minhas bandas favoritas na época, então foi uma verdadeira emoção para mim poder fazer algo. E essa foi de longe a gravação mais difícil que fiz e provavelmente da qual tenho mais orgulho. Estou muito feliz por eles terem ganhado o Grammy canadense por isso. E isso pareceu um desafio pessoal — você consegue mesmo fazer isso? — o que foi incrível.

E então, é claro, receber a ligação para fazer o álbum do Megadeth, ‘Dystopia’, de 2016, e fazer uma breve turnê com a banda para promover o disco. Quando eu tinha 14 anos, andando de skate e trocando fitas cassete de música, ouvi uma música do Megadeth pela primeira vez — e me lembro do dia, me lembro da rampa, me lembro do skate que eu tinha — que me colocou no caminho para fazer exatamente isso. O Megadeth foi a coisa que simplesmente acionou o interruptor. Então, quando eu Recebi aquela ligação, foi a melhor coisa, e eu estava pulando de alegria. Eu não conseguia acreditar que faria parte da minha banda favorita de todos os tempos. E ter aquele disco ganhando um Grammy foi simplesmente incrível.”

O baterista mencionou que passava por alguns problemas de ordem pessoal antes da demissão no Lamb Of God:

“Minha mãe faleceu. Eu estava no meio de um divórcio terrível. Eu sofri um acidente de moto. E eu nunca tinha falado sobre isso antes, mas ao mesmo tempo, em 2016, 2017, bem no final de 2016, fui diagnosticado com algo chamado distonia musical. Eu não queria falar sobre isso na época porque senti que isso realmente atrapalharia minha carreira, mas passei por uma quantidade incrível de trabalho para conseguir me recuperar disso. E eu já tinha ouvido Alex Webster, do Cannibal Corpse, falar sobre isso antes, e sou amigo dele, e recentemente vi o documentário do Nickelback. Não sou o maior fã do Nickelback, mas é um ótimo documentário, se você ainda não viu. O baterista deles, Daniel Adair, passou pela mesma coisa. Pode ter sido com o braço ou a mão, mas ele foi diagnosticado com distonia. E para um baterista — na verdade, para qualquer pessoa que toque um instrumento — é uma espécie de sentença de morte.”

Adler havia deixado o Megadeth e retornado ao seu posto no Lamb Of God, mas devido a sua condição e por conta da distonia, em uma daquelas peças que a vida nos prega, surpreendentemente, ele foi demitido via e-mail em 2018.

Questionado como se sentiu naquele momento, o músico confessou:

“Foi devastador para mim. Foi mesmo. Como eu disse, eu realmente considerava isso o trabalho da minha vida. Mas, do meu ponto de vista, eu entendo. Eu não era capaz de tocar as músicas que realmente precisávamos tocar naquele momento. Essas eram as músicas que eram — não todas, mas havia duas ou três músicas que eram bastante populares, e eu entendo que isso os faria hesitar quanto ao motivo de não podermos tocá-las. E, novamente, comigo assumindo o disco do Megadeth e ele indo tão bem, comigo assumindo o disco do Protest e ele indo tão bem, acho que as tensões estavam altas. E como os sites de Metal sempre dizem, todos são substituíveis, certo? Então, eu levei isso a sério, levei para o lado pessoal, e isso me fez entrar em uma espiral por um tempo.

Mas eu superei esses ressentimentos e não tenho nada além de amor por eles. E para cada um deles, foi um momento difícil, eu acho que para todos, e, sim, me machucou muito. Mas, felizmente, as coisas melhoraram drasticamente na minha vida. Casei-me novamente, temos três adolescentes, tenho uma casinha linda, temos cachorros, gatos. E agora tenho o meu primogênito, que me mantém ocupado o tempo todo. Então, pude olhar para trás e ficar muito, muito orgulhoso do tempo, esforço e carreira que tive com eles. E eu não faria de outra forma.

É uma pena que tenha terminado do jeito que terminou, mas, no final, olhando para trás, também acho que fui forçado na época a me afastar, desde então, não sei se haveria um momento melhor para alguém partir. Pelo menos pessoalmente, sinto que conquistamos mais do que jamais nos propusemos, e chegamos a um ponto em que, mais uma vez, não importa quais foram os elogios, mas recebemos basicamente todos eles.

Então agora é só uma espécie de repetição, provando a todos que ainda estamos por aí. E eu não sentia que havia muito mais a alcançar. Chegamos, mais uma vez, muito mais alto do que eu jamais imaginei que chegaríamos. E tudo de bom para eles e boa sorte em continuar. Mas, olhando para trás agora, apesar de onde eu estava na época, mas olhando para trás agora com uma mentalidade diferente, provavelmente foi um ótimo momento para ir embora.”

Sobre se aconteceu alguma comunicação entre as partes depois da demissão, Chris Adler foi sincero:

“Não houve nenhuma. E, novamente, eu superei esses ressentimentos e penso nesses caras o tempo todo de forma positiva. Mas desde aquela carta — acredito que foi em 2018 — ou o e-mail, não houve absolutamente nenhuma comunicação de nenhuma das partes.”

Sair da versão mobile