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Live Review: Tribal Scream – “Sacred Legacy Live” (2022)

Princípio de pandemia… País escancarado… Viagens de brasileiros querendo retornar ao país… Festas populares acontecendo a todo vapor… Explosão da pandemia…

   

Sim, era preciso repetir. Todas as bandas que não possuem grande aporte financeiro sucumbiram diante da paralização dos grandes e pequenos eventos. Tudo que continha público foi suspenso até oitava ordem. Se fosse segunda ordem, como mandaria a tradição, estaria tudo bem até. Só que não foi nada perto disso. 2020 foi um ano de terror para praticamente todos os que trabalham com música, e muitas pessoas ficaram sem seus principais e únicos empregos, mas…

Chegou 2021 e a embarcação teria que tomar um norte a navegar. Organizadores, técnicos de som, luz e palco começaram a ver uma luz e os eventos recomeçaram a ser agendados. Ao término do ano, o cenário melhorou… Nem eu mesmo sabia que aconteceria esse show. Graças ao convite do ilustre Luis, representante da Hell Yeah Music Company, recebi o convite para conferir a apresentação na íntegra. O motivo para essa premiação foi por conta da resenha que este quem vos digita fez para o estreante álbum “Sacred Legacy”, na qual gostaram bastante, incluindo o próprio Tribal Scream.

A resenha do álbum de estreia do Tribal Scream pode ser conferida logo abaixo:

Antes mesmo de chegar ao local, já se sabia mais ou menos o que estava por vir. Afinal, era o reencontro do vocalista Vitor Rodrigues com o guitarrista Maurício Nogueira, ambos ex-integrantes do Torture Squad à época do clássico álbum “Pandemonium” (2003). O momento era tão importante que os músicos o destacariam durante o evento. O trajeto para chegar até a casa de show lembra os games do Super Mario Bros., com entradas e saídas para vários outros lugares. O motivo de tal sensação é destacada a partir do momento em que você precisa descer pela entrada dos carros, e antes de chegar ao fundo do estacionamento, a casa está à direita de quem desce a rampa, sendo que o nome do local está estampado em um outro lugar mais à frente, seguindo o sentido da rua. Uma bela aventura para uma noite que prometia muitas coroas de louros.

   
Stephan Giuliano/Mundo Metal

Antes do Tribal Scream subir ao palco, o DJ da casa tocou alguns sons bacanas de bandas como Nuclear Assault, S.O.D, entre outras. Porém, o que chamou a atenção foi o novo single do Kreator, “Hate Über Alles”, faixa que fará parte do próximo disco de mesmo nome. Todos aprovaram a nova música dos alemães, tornando a noite ainda mais agradável. Ponto para Mile Petrozza e sua turma!

Eis que chega o grande momento! A intro tribal se coloca presente até que um a um os integrantes vão subindo ao palco. Vitor e cia. se colocam apostos e o que se ouve primeiramente é o famoso chamado do cantor:

“HEADBANGERS!!!”

O pessoal que compareceu e já estava bem animado ficou muito mais do que se imaginava. Era notória a alegria e energia acumulada dos músicos e também do público para este acontecimento. Quanto tempo foi preciso esperar para apreciar esse grande momento do esporte bretão sonoro? Esqueçamos a contagem e entremos de cabeça no show!

Após a intro que traz toda uma estrutura tribal, com toda aquela sensação de mistério e misticismo envoltos na trama, o prenúncio de que a chama do Metal iria ferver era iminente. A primeira tijolada na têmpora dos conflitos inúteis atuais atende por “We Shall Remain”! Este foi o grande cartão de visitas com a clara intenção de tornar a noite apoteótica e com toda a razão, já que a canção apresenta uma força de tração fortíssima, mantendo qualquer carreta em segurança ao passar por um desfiladeiro exageradamente estreito.

Créditos: Grazi Silva

Em seguida, a bateria abre passagem para os riffs sangrentos de “Out Of This Hell”. Esse é aquele momento em que o Death Metal fervilha por todas as arestas do local de encontro de toda a família que se reunir para conferir este glorioso evento. De repente, surge uma virada insana de bateria com alguns intervalos, dedilhados de guitarra passando a acompanhar a jornada e… claro! Baixo e bateria junto a um riff seco induz o público a “I Am God”, faixa pertencente ao EP “Tribal Scream” (2020) e que traz um pouco do tempero encontrado no glorioso Korzus. Não adianta tentar escapar do laço envolvente que permeia tudo o que Vitor Rodrigues e Mauricio Nogueira construíram ao longo do tempo juntos. Com baixo e bateria alinhados, é a vez de “To Each His Own” dar as caras aos amigos presentes. Afinal, não é apenas um show, mas uma bela reunião de família. A energia cresce conforme os riffs e dedilhados ressoam perante os presentes.

   

Tem surpresa? Lógico que sim! Momento propício para uma releitura do clássico álbum do Torture Squad, “Pandemonium” (2003), e a clássica música “Horror And Torture”, que na voz e interpretação de Vitor se fortalece como nunca, apresentando aquela brilhante fusão entre Thrash e Death Metal com quebras de ritmo e linhas de baixo devastadoras, cortesia de Castor, baxista do Torture Squad, e que estava na plateia conferindo de perto. Vinnie Savastanno, baixista do Tribal Scream, chegou a comentar que era meio que um “castigo” emular as linhas de baixo criadas por Castor, que é reconhecido por apresentar um baixo que foge das linhas secas, simples e modestas.

Um som brevemente harmonioso, acompanhado por baixo e bateria, seguindo por um riff cadenciado, evidencia a já grande faixa “Gruesome But Silent”, apelidada de G.B.S, e que possui talvez a levada mais pesada do álbum “Sacred Legacy”. Maurício Nogueira transformou sua guitarra em uma bola de demolição, na qual cada ataque às cordas era como se dezenas de paredes de puro concreto fossem levadas ao solo em instantes.

Neste momento era chegada a hora da festa com “Party Rock (With My Heroes)”! Vitor Rodrigues e Hard Rock não combinam? Loucura total sua se pensar assim, pois é nesse momento que a veia Hard soa forte e combina muito bem com todo o aparato musical, além da ordem no set do show ter ficado excepcional. Não completamente Hard, mas podendo ser colocada como um Hard n’ Heavy, “Party Rock” escreve com letras maiúsculas que é uma confraternização daquelas que deverão ser contadas em todas as rodas de amigos que pretendem ir em algum outro show.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Não falaremos do baterista Rômulo Damasceno? Claro que sim! Desde o início entregando um verdadeiro arsenal de variações extremas em seu kit, em “Lords Of Dead World” ele chama os holofotes para si, colocando seus pratos para acionarem os outros componentes, até que a rifferama devora os espíritos frágeis. Em seguida, o gutural de Vitor acompanha os blast beats de Rômulo, transformando a La Borratxeria em um verdadeiro caldeirão borbulhante com o verdadeiro Metal. Agora, mais uma faixa do EP surge com a vez “Refuse It” invadir os tímpanos de todos e provocar grandes perturbações das boas. Com uma bateria triturante de Rômulo Damasceno, e um riff veloz de Maurício Nogueira, podemos dizer aquele termo famoso entre os headbangers: “porrada na orelha”! Simples assim e qualificada idem!

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Estamos caminhando para a parte final da trama e mais uma ótima surpresa engrandece a noite alegre revigorante diante de tudo o que praticamente todos passaram até este acontecimento histórico. Se “Party Rock” mostrou a veia Hard de Vitor e seus asseclas da desolação sonora, “Solitude” mostrou a competência e habilidade sem limites do cantor e da banda como um todo ao exercer algo voltado para o Doom Metal. Você pode lembrar do lendário Black Sabbath por conta do nome da canção e também do subgênero que a mesma contribuiu de forma direta para a sua concepção. Porém, a versão apresenta todos os elementos do próprio Tribal Scream, mas encaixados nos moldes do Doom arrastado e brilhante. Vitor até mesmo brincou ao dizer que era a primeira vez em que o mesmo arriscava percorrer por esse mundo. Resultado: todos aprovaram e aplaudiram com vontade, inclusive o dono do nanquim virtual aqui.

   

Em noite de Death Metal, quem merece todas as homenagens é um dos grandes gênios que contribuiu para a criação e consolidação do estilo, ou seja, o eterno e saudoso líder do Death, Chuck Schuldiner. E como executar tal homenagem? Tocando um de seus clássicos, “Left To Die”, do magnífico e inesquecível álbum “Leprosy” (1988), que na voz de Vitor ficou incrível! E além disso, o mesmo soube muito bem respeitar as linhas vocálicas do Chuck, adaptando os seus vocais cavernosos aos dele, tornando um misto sensacional de se ouvir.

Créditos: Grazi Silva

Conhece o Pandeco? Pandeco é o apelido da demoníaca e clássica faixa “Pandemonium”, que leva o título do álbum com a partipação de Maurício Nogueira e Vitor Rodrigues, além de Castor e Amilcar Christófaro, sendo estes dois últimos figuras centrais e atuantes no Torture Squad. O ápice do mosh aconteceu aqui com empolgação extra de quem participou e também de quem ficou de fora, mas que agitou bastante desde a abertura da magnífica canção.

Faixa título do EP, “Tribal Scream” apareceu no set list como a décima terceira música. Ou seria hino? Baixo grave e pulsante de Vinnie Savastanno, comboio de cordas de Maurício Nogueira chamando pro ataque. Tudo pronto para mais um massacre arrebatador. E é isso o que acontece com mais um momento impactante para o espectador. Se antes tivemos a faixa-título do EP, agora temos a homônima faixa do álbum de estreia da banda. “Sacred Legacy” inicia com uma virada de bateria e baixo junto a uma introdução de guitarra com a cara dos tempos áureos do Torture Squad.

Curiosidades:

Durante o show, conversei bastante com o Vitor, dono do selo Wreck Your Neck Records, que lançou o álbum do Tribal Scream. Além disso, rolaram os moshs muito energéticos e divertidos com ao menos três capotes da galera, sendo que em dois eu tive participação, sendo um em que eu imediatamente ajudei o caboclo a se reerguer. Já o outro acabou chutando o meu calcanhar e indo ao solo no mesmo instante. Pernas fortes fazem um estrago danado. (risos)

Em determinado momento, o guitarrista Maurício Nogueira soltou a seguinte pérola:

   

“Bulbassauro, vai comer kibe cru!”

Sim, a frase não foi exatamente essa. Sem desperdiçar a chance de gol eu disse e alto e bom som:

“Não somente ele como todos os outros assassinos também!”

Muitos riram e concordaram. Aproveitei para incluir minha clássica invenção:

“Tem que construir um incinerador gigante e jogar eles todos vivos dentro.”

A concordância foi maior ainda. Isso sim é uma comunhão entre familiares de verdade!

Setlist de “Sacred Legacy Live”/Mundo Metal/Stephan Giuliano

Agradecimentos:

Gostaria de agradecer ao grande Luis Fernando Ribeiro, representante da Hell Yeah Music Company, grupo que agencia a banda Tribal Scream e realiza um trabalho exemplar. Agradeço também ao Vitor Rodrigues, já um amigo de longa data, que além de ter participado brilhantemente do meu TCC sobre o Mercado de Vinil, me ajudando a alcançar a nota máxima, também me recebeu na entrada da Iglesia, sendo muito solícito, e que também conversou comigo após o grande espetáculo. Agradeço ao super Lucca Ferreira do Exodus Brasil, ao qual tive a honra de encontrar no show. Ao Maurício Nogueira por me incentivar a continuar escrevendo. Agradeço ao também Vitor, dono do selo WYN Records, pela ótima conversa e por acreditar no nosso trabalho referente ao Mundo Metal. Por falar em Mundo Metal, esta é a principal família a quem devo muito, pois foi graças a esses grandes amigos e irmãos de alma que possuo é que tais oportunidades como esta puderam surgir. E também agradeço a todas as outras pessoas com quem tive contato nessa grande noite.

Que venham mais shows e chega de cancelamentos/adiamentos! Vamos nos cuidar e sem deixar de viver! Saúde e muito Metal a todos que são do Metal! E sucesso ao Tribal Scream!!!

   

Integrantes:

  • Vitor Rodrigues (vocal)
  • Mauricio Nogueira (guitarra)
  • Vinnie Savastanno (baixo)
  • Rômulo Damasceno (bateria)
   

Setlist de “Sacred Legacy Live”:

1. Intro
2. We Shall Remain
3. Out Of This Hell
4. I Am God
5. To Each His Own
6. Horror And Torture
7. Gruesome But Silent
8. Party Rock (With My Heroes)
9. Lords Of Dead World
10. Refuse It
11. Solitude
12. Left To Die (Death cover)
13. Pandemonium
14. Tribal Scream
15. Sacred Legacy

Este grandioso show aconteceu no dia 4 de fevereiro (sexta-feira).

  • Local: Iglesia La Borratxeria
  • Endereço: Rua João Moura, 515, Galpão 6, Pinheiros, São Paulo-SP
  • Organização: Master Zee Produções
  •    
  • Promoção: Hell Yeah Music Company
  • Parceria: Iglesia La Borratxeria
   

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