No último dia 20 de abril (sábado), o Vibra São Paulo, antigo Credicard Hall, foi o palco para receber Queensrÿche e Judas Priest, dois nomes relevantes e importantes na história do Heavy Metal mundial.
As apresentações aconteceram um dia após ambas participarem da edição comemorativa de 30 anos do festival Monsters Of Rock, em São Paulo. E nós do Mundo Metal, através deste que vos escreve, estivemos lá para conferir.
Queensryche – Todd La Torre rouba a cena
Pontualmente às 20h, os americanos do Queensryche subiram ao palco para mais um show impecável e nostálgico. Principalmente, para a velha guarda do Metal que acompanhou a escalada da banda desde “Queensrÿche”, EP de estreia lançado em 1983, até “Empire”, quarto registro da carreira lançado em 1990. Este último sobretudo, um dos grandes responsáveis por colocar a banda no hall dos grandes nomes da música pesada.
Sendo assim, o grupo abriu o setlist com “Queen Of The Reich”, faixa do EP homônimo, e de cara é preciso falar da competência vocal absurda de Todd La Torre. Com seus vocais atingindo tons altos e originais, numa performance perfeita e absurdamente impecável. O cantor mostrou neste momento que isso era apenas o começo e que muitos clássicos ainda seriam oferecidos aos fãs presentes (e o fizeram).
Após o impacto positivo com a faixa de abertura, decerto, é hora de revisitar um dos grandes trabalhos conceituais de todos os tempos, “Operation: Mindcrime” (1988). E dele, a faixa homônima teve seu refrão cantada por todos. Logo após, uma de “Rage For Order” (1986), a grandiosa “Walk In the Shadows” com mais uma performance absurda de La Torre (realmente impressionante).
Setlist recheado de clássicos
De volta a 1988 com “Breaking The Silence” e “I Don’t Believe In Love”, dobradinha genial extraída do magnífico “Operation: Mindcrime”. A noite prometia clássicos, então “The Warning” disco lançado em 1984 e oficialmente o álbum de estreia do quinteto não poderia ficar de fora, certo? Certíssimo! “Warning” (a música) deu as mãos a “The Lady Wore Black”, do EP de estreia, e se por acaso a apresentação terminasse aqui, eventualmente, eu e os demais fãs presentes já estaríamos bem felizes.
No entanto, a banda e Todd La Torre que esbanjou simplicidade e simpatia durante todo o show ainda tinha presentes guardados na caixa de pandora e eles vieram com “The Needless Lies” e “Take Hold Of The Flame”, duas belíssimas e grandiosas canções do quinteto, que sempre exigiram muito do ex-vocalista Geoff Tate, e que aqui soaram perfeitas e majestosas na voz privilegiada de La Torre, que como bem descreveu o amigo Fábio Reis, “o cara é um ALIEN” (Fato).
Em sua reta final, “Empire” do álbum homônimo é anunciada. E temos aqui aquele momento onde Michael Wilton (guitarras), Eddie Jackson (baixo), Mike Stone (guitarras) assim como Casey Grillo (bateria), são apresentados por Todd La Torre (vocais). Pra variar, mais um momento apoteótico da noite que ainda teria “Screaming In Digital” e o encerramento grandioso com a excepcional “Eyes Of A Stranger”.
Judas Priest promove viagem pela discografia
Pontualmente às 21h30 adentra ao palco um dos maiores baluartes da música pesada de todos os tempos. Coroando aquela que se tornou uma das noites mais especiais na vida deste que vos escreve, afinal de contas, estava ali o Judas Priest, a vossa majestade do Heavy Metal mundial.
Com um setlist repleto de clássicos, o quinteto passeou por discos emblemáticos e importantes de sua carreira. Os britânicos aproveitaram para fazer um retrospecto musical dos discos lançados nas últimas décadas e, certamente, foram aprovados.
A abertura ficou à cargo de “Panic Attack”, faixa do recém lançado “Invicible Shield” (2024), seguida de “You’ve Got Another Thing Comin'” e “Rapid Fire”, dos ótimos “Screaming For Vengeance” e “British Steel”, editados em 1980 e 1982, respectivamente.
Após a excelente trinca de abertura para fã nenhum botar defeito, a banda manda “Breaking The Law”, um dos grandes hinos do Heavy Metal. Ela foi seguida por “Riding On the Wind”, “Loves Bites”, “Devil’s Child” assim como “Saints In Hell”, quadra que levanta até defunto.
Com uma qualidade de som perfeita, fãs estampando sorrisos tal qual o personagem Coringa, produção de palco e telão absurdamente perfeitos, e Richie Faulkner sendo o “centro das atenções” (ou seria, centro do telão?), destilam maravilhas como “Crown Of Horns”, “Sinner” e “Turbo Lover”. Esta última, com toda a certeza uma de minhas faixas prediletas de um disco “massacrado” pela ala mais xiita da banda. Na sequência, “Invicible Shield”, onde Halford interage com o público sobre os mais de 50 anos de estrada do grupo. Porém, o vocalista mencionou todos os discos da carreira do quinteto menos os da fase “Ripper” Owens.
Quem já foi rei jamais perde a majestade
De volta aos clássicos e o show em sua reta final, a belíssima “Victim Of Changes” (como não amar esta música?). “The Green Manalishi”, cover do Fleetwood Mac também foi tocada e, antes da faixa que encerraria a primeira parte da “aula de Heavy metal“, uma palavrinha do Sr. Scott Travis. Cheio de carisma e simpatia, ele pergunta se o público está preparado para mais uma música, deixando claro que tratava-se de “Painkiller”.
Precisa dizer que o local veio abaixo com a introdução monstruosa do Sr. Travis? Contudo, a música ainda trouxe imagens do guitarrista Glenn Tipton, exibidas através dos telões. Numa performance absurda onde vovô Halford, mostra que no auge de seus 73 anos, ele ainda é uma das maiores vozes da música pesada, a banda encerra a primeira parte de um espetáculo grandioso e memorável que, surpreendentemente, teve quase duas horas de duração (aproximadamente 1h50m).
De volta ao palco, o quinteto selou a noite com “The Hellion/Electric Eye”, “Hell Bent For Leather”, com a famosa entrada de Rob Halford com sua Harley Davidson, fechando de forma apoteótica com o hino “Living After Midnight”, cantado em uníssono por todos, arrepiando cada célula viva do corpo humano.
Saldo positivo
Impressões sobre a apresentação do Queersrÿche
Em uma apresentação que durou aproximadamente “sessenta e cinco minutos”, o quinteto se despede do palco com uma certeza, esta nova passagem pelo Brasil já deixou saudades e certamente aumentou sua legião de fãs.
A entrada de Todd La Torre inegavelmente trouxe de volta uma banda revigorada e afiada. Se não perfeita, então é correto dizer que musicalmente falando, atualmente, eles beiram a perfeição.
Como fã, este foi o 4º show que presenciei. E posso dizer com certeza: o Queensrÿche, tal qual uma fênix, emergiu das cinzas e voltou ao lugar de onde jamais deveria ter saído.
Que uma nova passagem pelo Brasil não demore e que desta vez, arrisquem um setlist com canções como: “Blinded”, “En Force”, “No Sanctuary”, “Before The Storm”, “Road To Madness”, “I Dream In Infrared”, “The Whisper”, “Speak”, “The Mission”, “Suite Sister Mary”, “Best I Can”, “Della Brown”, “Resistance”, “Another Rainy Night”, assim como “Anybody Listening” e outras.
Mais uma vez parafraseando o amigo Fábio Reis, “SERÁ”?
Impressões sobre a apresentação do Judas Priest
Mestres absolutos quando o assunto é Heavy Metal, o quinteto inglês passeou por discos icônicos lançados em sua longínqua carreira. Apresentando um setlist perfeito (assim como satisfatório) aos fãs presentes, que em forma de muitos aplausos deixaram o Vibra São Paulo de alma lavada e sorrisos estampados em seus rostos.
Em uma retrospectiva musical que certamente agradou fãs de todas as idades, a banda passeou por discos como: “Screaming For Vengeance” (1982), “British Steel” (1980), “Defenders Of The Faith” (1984), “Stained Class” (1978), “Sin After Sin” (1977), “Turbo” (1986), “Sad Wings Of Destiny” (1976), “Killing Machine” (1978), “Painkiller” (1990) e “Invicible Shield” (2024).
Ao longo de seus 55 anos, o Judas Priest é sem dúvida parte da santíssima trindade da música pesada, influenciando e inspirando bandas pelo mundo.
Ao longos de seus 73 anos de idade, Halford ainda impressiona com sua voz poderosa ao atingir tons altos e agudos intensos. Isso sem mencionar sua presença de palco.
Ainda sobre Halford, o título METAL GOD não lhe foi dado por acaso, afinal, falamos de uma lenda cuja carreira se aproxima de seis décadas. Quase todas elas dedicadas exclusivamente à música pesada, e isso por si só já é motivo suficiente para poupá-lo de qualquer crítica.
A banda se despediu com a promessa de um retorno ao nosso país. Que seja breve e que proporcionem mais uma noite memorável.
Nota do Redator
Apesar de seu carisma e interatividade com a plateia, além de formar dupla com Richie Faulkner, assumindo a lacuna deixada por Glenn Tipton, Andy Sneap não tem a visibilidade que merece. E isso fica muito claro durante toda a apresentação da banda, ele aparece como “coadjuvante”, ou literalmente um músico contratado.
É notório que os holofotes estão direcionados a Faulkner, que indiscutivelmente é um monstro com sua guitarra. Sem dúvidas, ele carrega consigo a responsabilidade de ser o guitarrista principal de um gigante do Heavy Metal.
Sejamos coerentes, Faulkner merece todos os elogios, fama e sucesso por seu desempenho como excelente músico que é. Entretanto, Andy Sneap poderia ser muito mais que apenas o segundo guitarrista da banda, contribuindo muito mais com seus préstimos, que cá pra nós, não são poucos.