27 de maio de 1999, um dia que ficaria na minha memória para sempre, já que nesse dia, pude assistir a minha banda do coração com sua formação original, muito tempo antes de virem com esse line up para terras tupiniquins. O dia em que assisti o Black Sabbath com Ozzy nos vocais, Tony Iommi na guitarra, Geezer Butler no baixo e Bill Ward na bateria. Ou seja, a banda que cresci ouvindo, com seu quarteto original. É preciso lembrar que a tal da Internet estava apenas engatinhando, e, desse modo, ninguém tinha idéia do que eles tocariam naquele palco.
O OZZFEST daquele ano trazia o Sabbath como atração principal, que também contou com nomes como Slayer, Fear Factory, Rob Zombie, Deftones, entre outros. O festival aconteceu no Coral Sky Amphitheatre, em West Palm Beach, Florida, USA. A Flórida já é conhecida com The Sunshine State, mas só estando lá pra entender o que isso significa, pois o calor e o sol eram insuportáveis. Consegui um pedaço de papelão para cobrir a cabeça e não ter uma insolação. O local é meio diferente das arenas tradicionais. O público fica para cima e o palco é lá embaixo, pois trata-se de um anfiteatro. O palco e as primeiras fileiras eram cobertas, mas nós, headbangers mortais, tivemos que fritar no sol a tarde toda.

Mas vamos ao show:
Tudo começou com as sirenes de ataque aéreo e Ozzy gritando a plenos pulmões “Let’s get fuckin’ crazy!”, a fim de dar início a “War Pigs”. A pegada de uma banda que já havia passado anos ao lado de Ronnie James Dio afetou, de certa forma, aquele som mais tradicional dos anos 70 que faziam com seu primeiro vocalista. Isso quer dizer que havia mais peso, uma mistura de “Live Evil” com “Live At Last”.
Em seguida, a clássica “N.I.B.”, deixando os fãs mais antigos com lágrimas nos olhos. E logo depois, minha primeira surpresa do set, “After Forever”. Por essa eu não esperava, foi um banho de riffs pesados e solos nervosos, fora a intro que chegou a arrepiar.
O concerto seguiu pesado com a soturna “Eletric Funeral”, e depois duas pancadas do esmagador “Master Of Reality”, “Sweet Leaf” e “Into The Void”. Simplesmente apoteótico e apocalíptico. Talvez por medo de apanhar do mestre dos riffs, Ozzy cantou direitinho, sem a costumeiras semitonadas do Príncipe das Trevas. Tony Iommi, inspiradíssimo, solou muito em todos os sons. Bill Ward moeu na Sweet Leaf, e Geezer não necessita de comentários, é a usina de força da porra toda.
Na sequência, “Snowblind”, “Sabbath Bloody Sabbath” (com aquela matada de Ozzy na parte mais alta) e a minha segunda surpresa da noite, “Dirty Women”. Também não esperava ouvir essa ao vivo nessa encarnação. Para mim, a melhor música do pior álbum do Sabbath com Ozzy.
A trinca de encerramento foi “Black Sabbath”, “Iron Man” e “Children of the Grave”. Desnecessário dizer que o povo queria mais, e logo voltaram para o encore fechando com “Paranoid”.
Após a despedida do quarteto para o público, começou a rolar “FX” nos falantes, deixando uma atmosfera lúgubre no local já amassado pelo rolo compressor britânico de Birmingham.
Saindo de lá dirigi por mais ou menos uma hora até Deerfield Beach, quase levitando de satisfação. Em suma, uma noite memorável.