Ícone do site Mundo Metal

Iron Maiden: a história por trás de “Alexander The Great”

Reprodução/Facebook

“Alexander The Great” é o sexto full do Iron Maiden.

Em 29 de setembro de 1986, o Iron Maiden, quinteto inglês formado por Steve Harris (baixo), Bruce Dickinson (vocal), Adrian Smith e Dave Murray (guitarras) e Nicko McBrain (bateria), lançou o excepcional “Somewhere In Time”, sexto álbum de sua discografia e, na opinião deste que vos escreve, o melhor trabalho do grupo.

A produção foi de Martin Birch, o disco apresenta 8 faixas divididas em pouco mais de 51 minutos de duração.

Bem recebido e catapultado pelos singles “Strange In Strange Land” e “Wasted Years”, o álbum repetiu o sucesso de seu antecessor, o também excepcional “Powerslave” (1984).

Peculiaridades

Algumas peculiaridades marcam o lançamento do disco, sendo a principal delas o uso de sintetizadores nas guitarras.

Assim sendo, não podemos nos esquecer que este é o disco onde o guitarrista Adrian Smith contribui com o maior número de composições, incluindo os referidos singles.

Talvez isto tenha acontecido pelo fato da exaustiva turnê de divulgação de “Powerslave” ter durado 331 dias contabilizando 187 shows.

Entretanto, isto deixou não apenas o vocalista Bruce Dickinson, mas todo o restante da banda extremamente cansados e, digamos, com idéias não tão boas quanto as de Adrian.

Produção cara

Outro detalhe importante é que “Somewhere In Time” foi um dos discos mais caros lançados pela banda até então, já que as gravações dos vocais e guitarras foram na Holanda, a mixagem aconteceu em Nova York, enquanto as partes de baixo e bateria foram nas Bahamas.

Ademais, na época de seu lançamento, rumores de que o Maiden gravara um disco conceitual se espalharam, que temas como “espaço” e “tempo” estavam em sua temática, estando presentes em canções como, “Caught Somewhere in Time”, “Wasted years”, “Stranger in a Strange Land” e “Deja-Vu”.

Além disso, não podemos esquecer da brilhante arte da capa onde Eddie, o mascote da banda, aparece em um ambiente futurista inspirado no longa metragem “Blade Runner”.

Reprodução

No entanto, tais rumores logo foram dissipados através das palavras de Steve Harris:

“Certamente nunca entramos lá e dissemos: Certo! Vamos escrever um monte de músicas sobre o assunto do tempo”

Além disso, das referidas “Strange In A Strange Land” e “Wasted Years”, a banda ainda tocaria em futuros shows, canções como “Heaven Can Wait”, “Sea Of Madness” e “Caught Somewhere In Time”.

Porém, uma das músicas mais brilhantes e épicas do álbum, “Alexander The Great”, jamais foi tocada ao vivo.

Mas, antes de entender o por quê de uma das canções mais amadas dos fã nunca ter sido executada nas apresentações da banda, é preciso viajar um pouco na história antiga e conhecer a trajetória do personagem principal por trás da letra.

Alexandre Magno, ou, simplesmente, Alexandre III da Macedônia, também conhecido como: Alexandre, o Grande.

Photo: Adrian Borromeo, UCR

A história:

Alexandre Magno, nasceu no 6º dia do mês hecatômbeon do antigo calendário grego, em Pela, capital do Reino da Macedônia, no ano 256 a.C. Esta data corresponde a 20 de julho de 356 a.C em nosso calendário.

Apesar das dúvidas que ainda cercam os historiadores sobre a real data de seu nascimento, o filho do rei Filipe II e sua quarta esposa, Olímpia, filha do rei Neoptólemo I, do Epiro, está cercado de lendas que envolvem seu nascimento e sua juventude.

*Segundo a história, Olimpia era a 4a esposa do rei Filipe II, que tinha ao todo 8 esposas. Provavelmente, e por ser a única a lhe conceder um filho homem, ela foi sua esposa principal por longos anos.

Reprodução

Uma destas histórias retrata que aos dez anos de idade, Alexandre domou um cavalo que estava à venda por um comerciante da Tessália (região da Grécia antiga), já que o mesmo se recusava a ser montado. Ao perceber que o animal tinha medo da própria sombra, Alexandre disse ao seu pai que conseguiria domar o cavalo. E assim o fez. Ao perceber a coragem de seu filho, o Rei Filipe o beijou firmemente e declarou:

“Meu filho, você deve encontrar um reino grande o suficiente para a sua ambição. A Macedônia é pequena demais para você”.

Rei Filippe

O Rei Filippe acabou comprando o cavalo para o garoto, que batizou o animal de Bucéfalo, que significa “cabeça de boi”.

Bucéfalo tornou-se o cavalo principal de Alexandre, acompanhando-o até suas campanhas na Índia, quando morreu (devido à idade avançada, aos 30 anos).

Alexandre nomeou uma cidade com o nome Bucéfala.

Em sua vida adulta, Alexandre foi rei do império grego da Macedônia e um dos membros da dinastia argéada, sucedendo seu pai, o rei Filipe II, com apenas 20 anos de idade.

Assassinato do seu pai

Após o assassinato de seu pai em 336 a.C., herdou um reino cujo exército era um dos mais fortes e mais experientes da Macedônia.

Em 334 a.C., invadiu o Império Aquemênida, onde governou a Ásia menor, dando seguimento a uma série de batalhas que duraram longos dez anos.

Reprodução

Nas batalhas decisivas, derrotou o rei Dario II, da Pérsia, e seu exército, conquistando parte do exército Pérsio.

Estas foram algumas das mais notáveis guerras, incluindo as batalhas de Isso e Gaugamela.

Em seguida, Alexandre derrotou o rei persa Dario III, desta vez, conquistando a Pérsia em definitivo. Em 326 a.C., invadiu a Índia, mas foi forçado a voltar pela demanda de suas tropas.

Fundou cerca de vinte cidades que levavam o seu nome, principalmente, Alexandria, situada no Egito e, no auge de seus 30 anos, havia criado um dos maiores impérios do mundo estendendo-se da Grécia para o Egito e ao noroeste da Índia.

Alexandre, o invicto

Considerado um dos comandantes militares com maior sucesso da história e sem jamais perder uma batalha, Alexandre morreu invicto, na Babilônia, em 323 a.C., ao própósito, esta é a cidade que ele planejava estabelecer como sua capital.

Alexandre não conseguiu executar uma série de batalhas que já planejara e começariam com uma invasão da Arábia.

Posteriormente à sua morte, uma série de guerras civis rasgaram seu império em pedaços, como resultado, vários estados governados pelos diádocos, sobreviventes e herdeiros generais de Alexandre.

A morte de Alexandre:

Em 10 ou 11 de junho de 323 a.C., Alexandre, o Grande, morreu em Nabucodonosor II, antigo palácio situado na Babilônia, aos 32 anos (apenas dez dias antes de completar 33 anos).

Existem duas versões acerca de sua morte:

  1. De acordo com o Plutarco, biógrafo e historiador grego, cerca de 14 dias antes de sua morte, Alexandre deu uma festa ao almirante Nearco com muita bebida. Ele então contraiu uma febre que foi piorando com o passar dos dias, fazendo perder definitivamente sua voz. Na ocasião, ordenaram aos seus soldados que ao passar diante de seu rei, acenassem silenciosamente evitando assim qualquer esforço de sua voz.
  2. Na teoria de Diodoro, historiador grego, ele afirma que Alexandre começou a sentir fortes dores após tomar uma quantia exagerada de vinho em uma festa em homenagem a Heracles, o semideus, filho de Zeus. Após a festa, ele permaneceu fraco durante onze dias e segundo o historiador, não contraiu nenhuma febre, falecendo após longos dias de agonia.

*Esta versão seria contestada por Plutarco e, segundo ele, não seria verdadeira e um tanto fantasiosa.

Reprodução

Sobre a letra:

Nos oito minutos e trinta e cinco segundos de duração, a letra fala sobre o domínio e o reinado de Alexandre Magno, rei da Macedônia e considerado o segundo maior conquistador de terras do mundo.

Em seus segundo inicias, a narração do que foram as palavars do rei Fillipe da Macedôniao ao seu jovem filho:

“My son ask for thyself another kingdom, for that which I leave is too small for thee” (Meu filho/ Consiga para você um outro reino pois este que deixo é pequeno demais para você).

Num clima épico, a música tem início com a bateria de Nicko McBrain tocando em ritmo de “marcha militar”. Enquanto isso, as guitarras de Adrian Smith cuidam da parte rítmica de forma suave e lenta.

Em sua construção, a canção trata da ascensão de Alexandre, passando por várias etapas de suas conquistas, contadas através de sete versos a qual podemos chamá-los de capitulos.

Capítulos

1: o nascimento e origem;
2: a fase adulta, o reinado na Macedônia e sua vitória sobre o exército da Pérsia;
3: o encontro e a batalha entre o Rei Dário III e Alexandre, a conquista da Siméria, do Egito e a fundação da cidade de Alexandria
4: o segundo encontro entre Dário III e Alexandre que mais mais uma vez ergue a bandeira da vitória na chamada Batalha de Arbela. O domínio de Persépolis (capital da Pérsia) e sua passagem pela Babilônia, também são citados;
5: Alexandre chega à Ásia Menor e logo se torna o governante absoluto após cortar com sua espada o Nó Górdio;

Górdio

Nó Górdio: esta é uma lenda envolvendo o rei Górdio, um camponês que foi coroado. 

Para não esquecer de seu passado humilde ele colocou a carroça com a qual ganhou a coroa no templo de Zeus e a amarrou com um enorme nó a uma coluna. 

O nó era, na prática, impossível de desatar e por isso ficou famoso. 

Quinhentos anos se passaram sem ninguém conseguir realizar esse feito, até que em 334 a.C., Alexandre ouviu essa lenda ao passar pela Frígia. 

Essa questão lhe intrigou, foi até o templo de Zeus observar o feito de Górdio e, após muito analisar, desembainhou sua espada e cortou o nó.

6: enaltece a inteligência de Alexandre, chamando-o de “a mente sábia da Macedônia”, fala de sua cultura ocidental e de como ele preparou o caminho para o cristianismo;
7: o cansaço do exército de Alexandre, que opta por não segui-lo até a Índia. Esta última parte também retrata sua morte por consequências de uma grave febre.

Notas:

*Desenhada por Derek Riggs, a capa de “Somewhere In Time” contém referências a álbuns e músicas anteriores do Iron Maiden.

Além das capas do Maiden, Riggs foi o grande responsável por artes brilhantes como as de “Accident Of Birth” (Bruce Dikcinson), “Infinite” (Stratovarius), “Nightflight” (Budgie), “Reality” (Zonata), “Waiting For The Dawn” (Kotipelto), “Edge Of Tommorow” (Guardians Of Time) e “Powerplant” (Gamma Ray), dentre outros.

A saber, Derek Riggs levou o equivalente a 90 dias para finalizar por completo a arte de “Somewhere In Time”.

O longo processo o esgotou absolutamente, e em sua palavras:

“subestimei a complexidade da obra e jamais voltaria a pintar algo tão complicado”.

Singles:

*Para os singles de “Somewhere In Time”, foram escolhidas as faixas “Wasted Years” e “Stranger In A Strange Land”, porém, nos shows da turnê que divulgava o disco a música “Heaven Can Wait” foi a mais tocada. “Alexander The Great” é considerada uma das prediletas dos fãs, mas nunca foi executada ao vivo pelo Maiden.

*”Somewhere In Time” figurou nas paradas de sucesso em países como Brasil, Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Reino Unido.

O disco atingiu a 1a posição no The Official Finnish Charts (Finlândia), 3a posição na Official Albums Charts (Reino Unido) e alcançou a 11a posição da Billboard 200 US.

Reprodução/Facebook

*As vendagens de “Somewhere In Time” contemplaram o Iron Maiden com Disco de ouro no Brasil, Alemanha, Japão e Reino Unido, e disco de platina duplo no Canadá e Estados Unidos.

O lendário Alexandre

*Alexandre tornou-se lendário como um herói clássico nos mesmos moldes de Aquiles, aparecendo com destaque na história, nos mitos gregos e culturas não-gregas.

Tornou-se a medida contra a qual os líderes militares se compararam. Academias militares em todo o mundo ainda ensinam suas táticas.

No entanto, é muitas vezes classificado entre as pessoas mais influentes do mundo em todos os tempos, junto com seu professor Aristóteles.

Perguntaram a Bruce Dickinson sobre o por quê da banda nunca ter tocado a música ao vivo, ele respondeu em tom de ironia:

“Porque Adrian Smith não consegue lembrar os solos de guitarra. Quando a canção foi originalmente escrita, o solo foi composto e gravado através de um monte de sintetizadores e ele simplesmente não conseguiu mais descobrir a fórmula daquele compasso”

Entretanto, ao que tudo indica, o Iron Maiden vai, finalmente, tocar “Alexander The Great” em sua próxima turnê “Days Of Future Past”.

Assim sendo, ouça sem moderação:

Redigido por Geovani “bebe, mas não cai” Vieira

Quem é Mundo Metal?

Mundo Metal nasceu em 2013, através de uma reunião de amigos amantes do Rock e Metal, com o objetivo de garimpar, informar e compartilhar todos os bons lançamentos, artistas promissores e tudo de melhor que acontece no mundo da música pesada.

Em primeiro lugar, veio o grupo, depois a página no Facebook, Instagram, Youtube e, posteriormente, nosso site oficial veio a luz. Apesar de todas as dificuldades da vida cotidiana, nunca paramos de crescer.

Sejam muito bem-vindos a nossa casa e desejamos de coração que voltem sempre que quiserem.

Além disso, todos os dias, publicamos notícias, indicações, resenhas e artigos que interessam aos que são, como nós, amantes do Rock e de todos os subgêneros tradicionais do Heavy Metal.

Contudo, divulgar a underground está entre os nossos preceitos.

Portanto, se vocês amam a música pesada de alguma forma, o lugar de vocês também é aqui conosco.

Sair da versão mobile