M. Shadows, vocalista do Avenged Sevenfold, abordou a questão da chamada “precificação dinâmica” que, segundo o vocalista, são modelos aplicados com o aval dos artistas. A prática da “precificação dinâmica” encarece e muito o valor dos ingressos, como vimos acontecer com o Oasis após o anúncio da reunião e da turnê para 2025.
Teoricamente, esta prática baseia-se nas regras de livre comércio e de oferta e demanda e, com isso, os ingressos disparam muito além do habitual. Isso tem gerado críticas ao redor do mundo, por razões óbvias.
No caso do Oasis, os irmãos Gallagher alegaram que não tinham conhecimento de que este modelo estava sendo aplicado: “o Oasis deixa as decisões sobre ingressos e preços inteiramente para seus promotores e gerência”.
M. Shadows, do Avenged Sevenfold, afirmou que a “precificação dinâmica” aplicada pela Ticketmaster tem o consentimento do artista. Durante entrevista recente a Bradley Hall, ele falou sobre a elevação dos custos das turnês ao redor do mundo, o que, por consequência, acaba por provocar a elevação do preço dos ingressos.
“As pessoas querem ignorar que vivemos em uma sociedade capitalista onde há duas coisas acontecendo. Os artistas querem ser compensados por qualquer que seja o valor justo de mercado para seu trabalho. Se há dois mil assentos em um local, o artista pode ser muito legal, cobrar US$ 50 e não ganhar dinheiro algum, ou ir fazer isso porque ele só quer fazer. E então, um revendedor pode vender algumas centenas desses ingressos por até US$ 1.000 porque há fãs que pagarão isso.
Agora, a razão pela qual o preço dinâmico sequer foi introduzido é porque o artista e a gerência disseram: ‘Por que o revendedor está ganhando 10 vezes que o artista no palco? Há tantos ingressos que serão vendidos por esse valor. Por que não estamos cobrando esse valor?’ E então, o que a Ticketmaster fez foi criar uma ferramenta que permite aos artistas optarem pelo preço dinâmico.”
Ele prosseguiu:
“Está muito claro que a Ticketmaster criou uma ferramenta para permitir que os artistas optem por isso. Não é a Ticketmaster que está pegando todo o topo. São os artistas. E os artistas adoram se esconder atrás da Live Nation e da Ticketmaster e dizer, ‘Oh. Não tínhamos a mínima ideia. Não acredito.’
Se você perguntar à maioria das pessoas, ‘Se alguém está comprando um ingresso por US$ 1.000, você quer que ele vá para um revendedor ou para o artista?’, a maioria das pessoas dirá, ‘Queremos que ele vá para o artista.’ Mas elas também não querem que o ingresso tenha um preço tão alto. E então elas também não querem que você tire a capacidade delas de revender o ingresso, porque isso é muito antiamericano.”
Ainda sobre os preços dinâmicos, M. Shadows diz que deseja que cada artista seja recompensado proporcionalmente de acordo com a demanda pela sua arte:
“Você tem todos esses pequenos argumentos e há argumentos macro e micro sobre tudo isso. E é isso que realmente está acontecendo. Então, no final das contas, os preços dos ingressos sobem quando alguém na fila vê… há muitas pessoas lá, e eles aumentam os preços até que as pessoas parem de comprar. E é isso que a indústria musical chama de valor justo de mercado.
Agora, não acho que as pessoas discordariam da premissa. Elas simplesmente não gostam quando isso acontece com elas. E é nessa situação que estamos. E não estou aqui para fazer uma declaração sobre se elas devem ficar bravas ou não. É só que é isso que está realmente acontecendo… E se as pessoas podem pagar, o artista prefere ver esse lado positivo do que o cara que comprou 20 ingressos na primeira fila e agora está vendendo para todos os seus maiores fãs.”
